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Geração Y. Quem são? Para onde vão? Que rede social usam?
Quando se fala neste grupo, muitas teorias e pré-conceitos devem vir à sua cabeça.
"Não sabem trabalhar", "querem subir fácil na vida", e por aí vai. Como todo estereótipo, há, sim, um quê de verdade em determinados casos - mas estão (bem) longe de representarem um grupo todo.
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Uma das (milhões, ainda bem!) expoentes do lado batalhador da geração tem nome e sobrenome. Apresento-lhes Grazielle Bruscato Portella: aos 24 anos, a gaúcha formada em Design Gráfico pela UFRGS, hoje é Produtora Digital do Google.
Lembro como se fosse ontem do dia em que a Grazi me contou as boas novas. Experimentávamos um picolé de feijão - eu, ingênua, achava que seria a maior novidade daquele almoço.
? Lari, estou indo trabalhar no Google ?, disse a moça, com a modéstia de quem vai passar o final de semana em Atlântida.
Grazi estava a um semestre de distância de sua formatura na UFRGS. Até então era uma garota como qualquer uma de nós: estudava, estagiava, andava de ônibus, saía com os amigos - enfim, aquela rotina básica dos vinte-e-poucos-anos. Como, então, uma universitária gaúcha foi parar em uma das empresas mais almejadas e respeitadas do planeta?
Muito simples: ela trabalhou duro por isso. Filha de uma arquiteta e de um engenheiro, com 12 anos de idade, mudou-se para Barcelona, na Espanha, onde morou durante 4 anos enquanto seus pais faziam doutorado. A experiência em outro país foi crucial para a carreira: além da fluência no espanhol, ela se inseriu em uma cultura completamente diferente e abriu a mente para o "novo" - postura-chave para quem quer se inserir no mercado de trabalho. O que viesse depois daquilo, ela receberia de braços abertos.
Exemplo a ser seguido
Quem pensa que, para entrar em uma multinacional, é preciso fazer o tipo C.D.F., está muito enganado.
? Eu estudava porque eu entendia a importância daquilo no meu futuro - mas nunca foi uma obsessão ? diz.
A mesma teoria serve para o trabalho: já nos tempos de UFRGS, Grazi passou dois verões em Barcelona, revendo os amigos. Enquanto muitos usariam a viagem só para relaxar e fazer turismo, ela aproveitou para incluir novas experiências no currículo.
? Eu era cara de pau mesmo, me oferecia para trabalhar voluntariamente em editoras de livros. Cheguei a ir ao museu de Joan Miró e perguntar se havia alguma vaga em design para mim. Consegui e lá trabalhei, sem receber um tostão, durante minhas férias ?conta.
A oportunidade de trabalhar no Google apareceu através do Diretório Acadêmico da faculdade, quando soube do programa de estágios da empresa, em 2011. Enviou seu currículo e inciou uma série de entrevistas à distância, até finalmente ser chamada para uma conversa na capital paulista. Foi selecionada, arrumou as malas e partiu - sozinha e com um TCC a ser feito (a distância!) - mas cheia, cheia de energia. No universo estudantil fora do eixo Rio-São Paulo, esse tipo de oportunidade parece inatingível, certo? Errado.Ao contrário do que se pensa, diversas multinacionais, recrutam talentos ao redor do Brasil - o próprio Google está com vagas abertas para seu programa de estágios aqui.
Como é trabalhar no Google?
Ao contrário do que se possa pensar, um designer no Google não necessariamente vai criar Doodles. Se, quando estagiária, Grazi trabalhou em projetos como o Rock In Rio, depois de efetivada, o céu era o limite. Passou a atuar no departamento criativo chamado "The Zoo", que auxilia marcas na utilização das plataformas do Google. Um desafio e tanto, onde os projetos são de âmbito nacional e a tecnologia é de ponta. Quando pergunto como é sua rotina, Grazielle responde que não há rotina.
? Cada dia é diferente. E eu amo isso ?, diz. E tem como não amar?
A sede da empresa em São Paulo é um caso a parte. Quem nunca ouviu falar das "legalzices" dos escritórios do Google? A começar pelos dias temáticos, onde todos os colaboradores vão trabalhar fantasiados.
? No dia em que assinei meu contrato de estágio, era o dia do pijama ? conta.
Grazi já presenciou também o dia do rock e o mês do bigode - em novembro de 2013, todos os homens da empresa deixaram o bigode crescer.
O incentivo à saúde também é grande: além das opções normais de comida, no escritório do Google tem sempre comidinhas orgânicas e integrais à disposição - pra completar, uma academia dentro da própria sede. Tá bom ou quer mais?
OK, contamos mais. As salas de reunião são temáticas "nomes de comida" e até a própria cidade, onde cada uma representa um ponto icônico de São Paulo - o edifício Copan, o Itália e por aí vai. O mais legal é que quem escolhe os nomes são os próprios colaboradores. (Se alguém for adaptar a ideia em solo gaúcho, sugiro a "Sala Cuca com Linguiça", "Sala Berga Bem Docinha".)
Entrando em seu terceiro ano no Google e com apenas 24 primaveras vividas, Grazi já viajou a trabalho por Nova York, Chicago, São Francisco, São Bruno, Madri e Buenos Aires; também coleciona uma série de cursos de design gráfico lecionados para seus colegas e uma série de projetos concluídos. É ou não é um exemplo a ser seguido?
Admiro e faço questão de disseminar histórias de jovens que correm atrás, que batalham, que não se acomodam. Grazielle é mais uma prova de que não é difícil "chegar lá" - basta fazer acontecer. Oportunidades não caem do céu e, não, as pessoas não nascem especiais - elas se tornam. Ou seja: se liga, lombriga.