Ele começou coçando o ouvido. Dois dias depois continuava coçando. Passada uma semana, seu cão já estava resmungando enquanto coçava o ouvido agora com pele espessada e todo arranhado devido aos ferimentos causados pelas unhas das patas que não ficam paradas mesmo quando coçar significa sentir dor.
E não precisa ser o ouvido. As frenéticas coçadas de um animal podem estar em qualquer lugar do corpo e quase sempre remetem à presença de ectoparasitas, nossa famigerada pulga, seguida de perto pelo carrapato. Quando o assunto é pele de cães e gatos atenção! Coceira pode ser algo sem muita importância ou a ponta de um iceberg que pode exigir tratamentos mais complexos. E por um longo período de tempo.
1 - Alergia
Campeã das reclamações em consultórios veterinários, a alergia à picada de pulgas costuma aparecer onde o animal não consegue se coçar, como a parte posterior das coxas, dorso e base da cauda. Nesses locais é possível ver as pulgas e a irritação da pele pode modificar a coloração da pele que varia de vermelho à cinza. Queda de pelo nessa região é bastante comum. Aproveite o inverno, estação não favorável à reprodução desses parasitas, e acabe com esse problema que conta ainda com o precioso auxilio de anticoncepcionais para pulgas. Outra alergia pode ser alimentar, mais difícil de diagnosticar e que precisa de uma anamnese bem detalhada. A troca de alimentação pode conferir o diagnóstico. Além da coceira de pele, outros sinais de alergia são espirros frequentes, rinites e olhos lacrimejantes.
2 - Micose
Os conhecidos fungos costumam ser oportunistas. O microorganismo, presente em objetos e até no solo, encontra terreno fértil em ambientes de pouca higiene e umidade. Animais jovens, cuja defesa ainda está em formação, costumam ser os mais atingidos. Uma das formas mais comuns de se desenvolver as micoses é através dos pelos embolorados que deixam a área sem a oxigenação adequada, o que é péssimo para a saude da pele. Para fungos, a recomendação é bastante específica e necessita de medicação oral não raro acompanhada de banhos medicinais e “aquele” corte de pelo que deve ficar bem baixinho. A seguir algumas recomendações:
# Não permita que seu pet fique molhado por muito tempo.
# Não o agasalhe molhado
# Evite contato com animais doentes
# Mantenha a higiene do local
# Permite a pele ventilar não usando roupas abafadas por muito tempo sobre o pelo do animal
3 - Sarnas
Existem diferentes tipos de sarna como a demodécica, a sarcóptica e a otodécica, esta restrita ao pavilhão auricular de seu pet. A coceira frequente traz suas complicaçõe e lá vem fungos e outras infecções bacterianas. A maneira mais fácil de ser a sarna transmitida é por meio do contato do animal doente com o sadio e isso vale para o ser humano. Pequenas coceiras nos braços após tratar ou tocar em animais contaminados nada mais é do que o próprio ácaro tentando penetrar na pele humana. As sarnas precisam ser diagnosticadas com o auxílio de exames complementares, como o raspado de pele. Os tratamentos são específicos e em alguns casos se prolongam por muito e muito tempo, como na sarna demodécica.
4 - Dermatites
Causadas por bactérias, a infecção bacterina pode ser efeito secundário à picaduras e coceiras frenéticas que escarificam a pele e favorecem à contaminação. Porém, algumas doenças sistêmicas alteram o metabolismo dos hormônios e de outros elementos que constituem uma barreira de proteção à pele, podendno igualmente promover a infecção. Presença de pus na pele é algo que precisa ser por um médico veterinário investigado para dar início ao tratamento adequado e prevenir novas infecções.
Uma outra dermatite é a chamada atópica, uma hipersensibilidade que o animal apresenta a determinado agente que pode ser orgânico, químico ou físico, como carpetes, sabonetes e perfumes. Animais submetidos a longos períodos de estresse podem apresentar certa fixação por uma área de corpo, como as patas. Nem sempre é tarefa fácil descobrir de onde vem o causador de uma dermatite atópica, patologia que exige muita paciência do proprietário para ser atenuada.
5 - Problema hormonal
Desequilíbrio hormonal pode ser a causa de problema dermatológico de seu pet. Hipotiroidismo e hiperadrecorticismo são algumas patologias que cursam com alterações dermatológicas, peso e coloração da pele de seu mascote que pode perder pelo em áreas específicas do corpo caracterizando a doença. Doenças hormonais são mais complexas de serem diagnosticadas e é necessário contar com a experiência do profissional que precisa se valer de alguns exames complementares para fundamentar o diagnóstico. O tratamento é medicamentoso. O desaparecimento dos sintomas e a dosagem a ser administrada merecem verificações regulares. Esteja atento à pele seca, seborreia e queda de pelos em seu pet. Lamber excessivamente uma área do corpo também pode significar dor.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com