Mãe aos 17 anos, Patrícia Lucchesi, hoje com 44, famosa por ter estrelado o comercial "Meu primeiro sutiã" em 1987, abandonou a carreira de atriz para dar atenção ao filho, Mateus, que foi diagnosticado com autismo quando criança. Ao ir atrás de conhecimento sobre o tema, acabou se formando em Psicologia. Hoje, ministra palestras para dar suporte e orientar familiares de pessoas autistas.
— Tive e tenho uma carreira artística muito linda e maravilhosa. Sou muito grata. Mas dei um tempo e não me arrependo porque fui atrás de um outro grande sonho que era estudar. Sou uma pessoa muito feliz e realizada. O autismo não é fim de uma historia. É um recomeço. Posso dizer que o Mateus me salvou, motivando a minha caminhada para uma vida mais saudável, de estudos e dedicação. Ele é a minha melhor criação — disse ela em entrevista à revista Quem publicada nesta quinta-feira (16).
Na publicação, também falou que vem enfrentando problemas financeiros.
— Sigo trabalhando com orientação, fazendo alguns atendimentos online, mas não são suficientes para cobrirem os gastos. Com a profissão de psicóloga não dá para ser rica. As pessoas pensam: "Ah! Você também é atriz". Nem como atriz se fica rica aqui no Brasil. Tudo o que eu fiz foi amparado no amor e nunca para ficar rica. Retorno financeiro mesmo não tenho. Quero muito continuar com esse meu objetivo de ajudar as famílias, mas sem retorno é complicado. Preciso estar em constante investimento no meu trabalho com estudos — contou.
Patrícia, que cria o filho de 27 anos sozinha, relatou piora na situação durante a pandemia.
— O pai do meu filho foi embora logo após o diagnóstico. Foi estipulada uma pensão antes do diagnóstico, ele assinou, mas só pagou uma vez e nunca mais… Nem sei onde ele está. Conto com ajuda da minha família. Mas, na quarentena, cortei muita coisa e não tem como ser diferente neste momento. Todo mundo está reduzindo os custos. Só não dá para cortar a medicação cara do meu filho. Isso é essencial. O Mateus também não fica sozinho e tem que ter a todo momento alguém ao seu lado dando o suporte necessário caso ele tenha alguma crise. Isso tem custo. Ainda tem a mensalidade caríssima da escola especializada, que não parou de ser cobrada. Então, está complicado, sim, na minha família, assim como em tudo lugar. Mesmo assim, se comparar com a situação de muitos brasileiros, a minha até que está confortável — refletiu ela.
A sociedade precisa se incluir no autismo e parar com essa cultura da exclusão. Mudar essa realidade é o meu objetivo na vida
PATRÍCIA LUCCHESI
Na conversa, Patrícia também contou sobre como foi receber o diagnóstico do filho e seus principais receios na época.
— Eu pensava: "O que vai ser do meu filho quando eu não estiver mais aqui?". Esse foi o meu primeiro medo. Comecei a correr atrás então do desenvolvimento dele, de sua inclusão social e de conhecimento específico para poder lidar com essa nova realidade. Precisei de terapia para lidar com o diagnóstico e enfrentar o momento de luto pela perda do filho idealizado que toda mãe tem — relatou Patrícia. — A sociedade precisa se incluir no autismo e parar com essa cultura da exclusão. Mudar essa realidade é o meu objetivo na vida. Tenho até planos de voltar para a carreira artística, mas gosto muito deste trabalho que eu faço.