Uma das primeiras notícias de moda do comecinho deste ano dá sinais de que 2016 promete bons momentos: Jaden Smith, 17 anos, filho de Will Smith, usando roupas “femininas” na campanha de verão 2016 da grife Louis Vuitton. Antes de tudo, as aspas na palavra “femininas” têm motivo: o plurissex, o genderless, o gender-bender, o agender, o unissex ou seja lá que outro termo venha a surgir para definir a moda sem gênero. E esse é um conceito que vem ganhando força progressivamente.
Portanto, elas não seriam bem femininas, não é mesmo?! Nosso entusiasmo também se explica, afinal, como admiradoras da ideia, é muito importante ver uma grife influente, como a Vuitton, escolher uma celebridade que reverta mídia além de qualquer passarela, como Jaden, para estrelar uma campanha com essa proposta, ainda (e infelizmente) um tanto restrita a redutos fashionistas e a consumidores mais atentos às novidades. Este foi um belo empurrãozinho, sem dúvida!
O unissex já não é novidade desde que a pioneira Coco Chanel, lá pelos idos 1920, pinçou, do guarda-roupa deles, as primeiras peças consagradamente masculinas a desfilarem pelas curvas de uma mulher, como a calça pantalona e a camiseta bretão, ambas inspiradas pelos uniformes da marinha francesa. E Chanel nunca parou de olhar para o estilo prático e confortável do visual dos homens, marca de sua assinatura ad infinitum.
À Chanel, se seguiram Yves Saint Laurent, Emilio Pucci, Giorgio Armani, Ralph Lauren e tantos outros, para manter apenas no universo da moda, que mantiveram um flerte constante entre os dois gêneros. Pois então. Flerte é uma coisa. Casamento é outra. E é disso que estamos falando agora, uma relação mais séria, uma moda que não revela para quem, exatamente e de fato, foi produzida, apenas veste igualmente homens e mulheres, uma interação além das referências e bem longe, grazzie a Dio, de quaisquer estereótipos.
Mais Moda na Real?
Na moda, esse movimento, um título bem mais adequado ao genderless (simplesmente, sem gênero), já figurou em desfiles influentes do ano passado. A Gucci, por exemplo, no desfile masculino do inverno 2016, colocou homens e mulheres vestindo as mesmas roupas, dificilmente identificáveis pelo sexo. Na mesma semana de moda, outros fizeram o mesmo, como Armani e Prada. Outras gigantes, vide a Barneys e a Selfridges, também abraçaram a ideia. A americana apresentou o catálogo do verão 2014 com 17 modelos transgêneros. A inglesa Selfridges foi além, criando um projeto que propôs uma experiência em compras sem a divisão por seções masculinas e femininas, com peças assinadas por nomes como Body Map, Nicopanda (assinada por Nicola Formichetti), Rad Hourani, Toogood, Ann Demeulemeester, Comme des Garçons, Meadham Kirchhoff e Gareth Pugh.
Poderíamos seguir citando N ações semelhantes de grifes e designers que passaram a olhar para os desejos de seus públicos considerados influencers, já que são os primeiros a cobiçarem o que promete se tornar coloquial em um futuro próximo. Sim. Pode ter certeza que vestir saias, calças, paletós, blusas com laços, rosa ou azul não vai ser mais coisa de menino ou de menina. Será simplesmente mais uma opção estética, reflexo de uma deliciosa liberdade de escolha, que vai muito além do quesito estilo.