Evelina é uma matriarca exemplar. Em A Dona do Pedaço, a personagem de Nivea Maria assumiu as rédeas da família para proteger as duas filhas da vingança de um clã rival, no Espírito Santo. Maria da Paz (Juliana Paes) recomeçou a vida em São Paulo e virou uma rica empresária. Zenaide (Maeve Jinkings), porém, foi assassinada.
Nos próximos capítulos da novela, Evelina chegará a São Paulo para morar com Maria da Paz e vai mais uma vez mostrar seu lado protetor ao perceber as armações da neta Josiane (Agatha Moreira). Em entrevista a GaúchaZH, Nivea, 72 anos fala sobre sua personagem e sobre sua longeva carreira na teledramaturgia nacional.
Quando você se sentiu a dona do pedaço na sua vida?
Depois que me separei, após quase 30 anos de casada (com o diretor Herval Rossano, em 2002). Não esperava ter de recomeçar. Tive que ser a dona do meu pedaço, sozinha, com filhos e tentando aprender a viver sem um companheiro. Meus pais tinham morrido, não havia ninguém por perto. Era eu comigo mesma.
Você se coloca no lugar da Evelina? Como é viver uma mãe que interfere no futuro da filha. Você agiria como ela?
Nunca pensei muito na personagem, porque ela tem uma percepção de vida diferente da minha. As pessoas precisam aprender a respeitar o outro, ninguém é obrigado a gostar de certas posturas. Você tem que saber conversar e colocar que pensa diferente. Não se pode ficar debaixo dos panos, que é muito o que tem acontecido no nosso país. Se as coisas fossem mais claras, sem medo de se expor, acho que a vida seria mais fácil. No entanto, jamais imporia decisões aos meus filhos. Aparentemente, eu era mais frágil e tímida na juventude, mais sempre fui forte. Acabei convencendo meu pai através do trabalho como atriz, com dignidade, respeito, sem me expor demais. Sempre pensei no que ia fazer e tive o respeito dele.
Com mais de 40 anos de carreira na TV, você sente falta de algum papel?
As pessoas e o público são tão difíceis de agradar. Às vezes, com um mínimo, com um personagem inesperado, você conquista todos. Até hoje, tenho A Moreninha (1975) nas costas. E A Casa das Sete Mulheres (2003), que surpreendeu muito o público. Nesta última, a Dona Maria vinha de uma coisa meio desenhada, de um produto pré-pronto e apresentei algo diferente. Então, não tenho essa ideia de me preocupar com o papel.
Você e Juliana Paes trabalharam juntas em Caminho das Índias, como mãe e filha. Teve algo de diferente pensando para A Dona do Pedaço?
Caminho das Índias tem uma história parecida com esta. A diferença é que a Maya não era a dona do pedaço, porque os homens é que resolviam tudo (risos). Temos características iguais, de dar força e coragem para a filha. Mas é evidente: há coincidências na dramaturgia sempre. É a velha soma que dá quatro: dois mais dois, três mais um... mas o final chega no mesmo resultado.
Com a ida para São Paulo, a Evelina vai redescobrir o amor?
Eu e o Ary Fontoura (que vive Antero) vamos ter um “trelelê”. Comecei com um comportamento diferente em um lugar diferente, mas terminarei na cidade grande com um novo amor. Mostrarei que você pode descobrir coisas novas em qualquer idade, aproveitar a vida enquanto tiver saúde, vitalidade. É uma honra. Faço parte da luta para ter personagens com mais de 70, 80 anos nas novelas. Temos um mar de (atores) brilhantes.