Um dos nomes mais respeitados da música sertaneja tradicional, marcada pela sonoridade rural e a companhia da viola caipira, o cantor Sérgio Reis relembrou a trajetória no programa Conversa com Bial, exibido na noite de quarta-feira (14). Situações engraçadas e até mesmo pouco conhecidas do público foram tratadas na conversa com o apresentador Pedro Bial.
Alguns recortes dos 78 anos de vida do cantor e compositor foram retratados na biografia Sérgio Reis: Uma Vida, Um Talento, escrita pelo jornalista Murilo Carvalho. A decisão de lançar o livro foi tomada pelo biografado, processo que levou três anos, fazendo com que Reis remexesse nas memórias da família e do início da carreira.
— Quero contar toda a minha história para o povo saber quem sou eu, de onde eu venho e qual é a minha origem — decidiu-se o cantor.
Bial recordou que Sérgio Reis começou a carreira com a Jovem Guarda e, depois, rumou para a música caipira. Foi nessa época que lançou seu disco de estreia, Coração de Papel (1967), que mistura temáticas joviais a um clima de baião — influência que surgiu da amizade com o compositor Luiz Gonzaga. Sérgio Reis explicou como mudou de um gênero para o outro.
— Não caí de paraquedas no sertanejo. Com 10 anos, eu gostava de Tonico e Tinoco. Eles tinham um programa na Band, eu acho, e eu assistia a todos os programas deles. Quando fiz aniversário de 10 anos, meu pai me deu uma viola caipira de madeira. Aprendi a tocar violão naquela viola. Eu tenho até hoje — recorda.
Bial também relembrou uma história engraçada: quando Sérgio Reis se apresentou completamente pelado em um bordel.
— Era uma festa fechada e quem tava lá não podia entrar com roupa. Tinha uns velhos com cueca samba canção tocando violão, com sapato preto e aquelas meias brancas. Eu tava nu. Tinha que entrar nu. Era uma festa com 20 mulheres lindas. Mas eu fui lá para cantar, não fui para sair com ninguém — explicou-se o cantor.
Bial considerou que Sérgio Reis imprimiu uma forma diferente de cantar sertanejo, gênero pautado na tradição caipira dos graves; Reis, pelo contrário, canta de um jeito "manso".
— Eu tomei isso como base quando conversava com as moças, quando era solteiro. Eu ia na fala mansa, e dava certo. Não é, Angela? — perguntou Reis, buscando o consentimento da esposa sentada na plateia.
A respeito da música Panela Velha, que fala sobre o interesse por mulheres mais velhas, tratadas na letra por "coroas", Sérgio Reis considerou que hoje o conceito de velhice mudou tanto para mulheres quanto para homens.
— Eu me sinto um jovem com 78 anos. É a nova concepção da vida hoje.