Após o golpe de 1964, Salim Miguel foi preso, e Eglê Malheiros passou uma semana detida no Hospital da Polícia Militar. Os quatro filhos do casal ficaram em casa. Foi preciso que uma vizinha avisasse a irmã de Salim, para que ela resgatasse as crianças. Mais do que a prisão de Salim, o grande trauma da família foi a prisão da Eglê, na frente dos meninos.
Dias mais tarde, Eglê foi mandada para casa, onde ficou em prisão domiciliar. Conseguiu enviar para Salim na prisão um caderno e um lápis. As anotações do escritor resultaram no livro Primeiro de Abril. Reiteradas vezes Salim afirmou que nunca pertenceu a partido político, mas também nunca negou ser um homem de esquerda.
Depois de solto (ele ficou cerca de dois meses na prisão), Salim, que na época era chefe da Agência Nacional em Santa Catarina e trabalhava na assessoria de imprensa do então governador Celso Ramos, conseguiu se mudar com a família para o Rio de Janeiro. Os primeiros tempos foram difíceis - deviam dinheiro para parentes e bancos - mas depois as coisas foram se ajeitando. Eglê fazia revisão e tradução de livros, e Salim foi trabalhar na revista Fatos e Fotos e depois na Manchete. Durante 10 anos, ele também escreveu sobre literatura brasileira e latino-americana para o caderno Ideias, do Jornal do Brasil.
Em 1979, Salim voltou para Santa Catarina e reassumiu a função de chefe do escritório da Agência Nacional, pouco depois transformada em Empresa Brasileira de Notícias. Em 1983, assumiu a direção da Editora da UFSC, cargo que exerceu por oito anos, consolidando a editora, estabelecendo linhas e políticas editoriais e projetando a UFSC e a produção bibliográfica catarinense para outros estados brasileiros.