Fechado para o público nesta segunda-feira, o Museu da Língua Portuguesa, iniciativa do Governo do Estado de São Paulo em parceria com a Fundação Roberto Marinho, foi atingido por um incêndio. Um funcionário do museu, que tentou conter o incêndio, foi gravemente ferido e encaminhado para o hospital, mas não resistiu e morreu. O acervo do museu, no entanto, é predominantemente virtual – uma das premissas da instituição é combinar arte e história com interatividade.
De acordo com a curadora da instituição, Isa Ferraz, a maior preocupação é com o prédio histórico da Estação da Luz (originalmente de 1867), que foi restaurado para receber, em 2006, os cerca de 4.400 m² de espaço expositivo. Seu projeto foi avaliado em aproximadamente R$ 37 milhões, usados para financiar recuperação do espaço, criação, pesquisa e implantação do museu. O projeto arquitetônico é de autoria de Pedro Mendes da Rocha e Paulo Mendes da Rocha.
O museu é parte de uma cadeia de instituições de ponta concebidas pela Fundação Roberto Marinho, das quais fazem parte também o Museu do Futebol, o Museu de Arte do Rio, o Museu da Imagem e do Som e o recém-inaugurado Museu do Amanhã.
Veja imagens do incêndio
O acervo do MLP é exposto de forma inovadora – são poucos os objetos e grande parte do conteúdo é exibido em telas, totens e projeções. A visitação é feita de cima para baixo. No auditório do terceiro andar, pode-se assistir a um vídeo de dez minutos sobre o surgimento da língua portuguesa. Seguindo, há a Praça da Língua, onde um audiovisual, com textos projetados por toda a sala, ilustra a riqueza do idioma falado no Brasil.
Acervo do museu pode ser recuperado, diz curadora
No segundo andar, uma galeria exibe uma tela com projeções simultâneas de filmes sobre o uso cotidiano do português. A seção leva o nome de Palavras Cruzadas, explicando as várias influências de outros povos e línguas na formação do idioma. Uma linha do tempo mostra a história do idioma e uma sala oferece totens com áudios que explicam e exemplificam a pronúncia de palavras derivadas de outros idiomas. Completa este andar uma exposição de painéis que mostram a história do prédio que abriga o museu e a Estação da Luz.
O primeiro andar possui um espaço para mostras temporárias. A inauguração homenageou Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Já houve também grandes exposições sobre Clarice Lispector e Gilberto Freyre.
Os elevadores do museu também compõem o espaço expositivo, pois oferecem vista panorâmica para a Árvore da Palavra, uma escultura de 16 metros criada pelo artista Rafic Farah, e ainda oferecem áudio que repete um mantra composto por Arnaldo Antunes.