Estreou em junho nos Estados Unidos Love & Mercy, cinebiografia de Brian Wilson, líder da histórica banda The Beach Boys. Apesar de retratar um dos artistas mais reverenciados da música pop, ter sido bem recebido pela crítica e contar com o aval do próprio personagem (Wilson deu apoio fundamental para o uso de suas canções na trilha sonora), Love & Mercy alcançou resultado mediano nas bilheterias (US$ 12,5 milhões no mercado local) e ainda tem lançamento incerto no Brasil - não consta no calendário das distribuidoras para 2016.
Esse histórico, aliás, tem sido comum em cinebiografias que recriam ficcionalmente a trajetória de grandes ídolos da música. Recentemente, passaram batidos longas musicais sobre James Brown (Get on Up) e Jimi Hendrix (Jimi: All Is by My Side) - o primeiro ficou inédito em Porto Alegre, e o segundo nem chegou aos cinemas brasileiros.
Os filmes sobre artistas nacionais também deparam com um interesse do público que não reflete sua dimensão musical. Tim Maia e Renato Russo foram retratados em projetos que até tiveram boa bilheteria para a realidade do mercado nacional, mas que ficaram aquém da expectativa gerada pela relevância artística de ambos.
Love & Mercy conta a história de Wilson alternando a narrativa em dois momentos. Na década de 1980, mostra o músico, interpretado por John Cusack, vivendo em estado permanente de torpor pela medicação imposta pelo guru picareta Eugene Landy (Paul Giamatti), que o mantinha afastado da família e administrava sua fortuna. Mas os melhores momentos do filme são ilustrados pelos anos 1960, quando Brian Wilson (na juventude vivido por Paul Dano) seus irmãos Dennis e Carl, mais o primo Mike Love e o amigo Alan Jardine consagraram hits da surf music como Surfin USA e California Girls.
Wilson, porém, tinha como espelho as experiências sonoras dos Beatles no LP Rubber Soul (1965) e se afastou dos palcos. Enfurnou-se no estúdio para compor o antológico Pet Sounds, disco lançado em 1966 que ganhou como resposta do quarteto de Liverpool nada menos que Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967). A gravação de Pet Sounds, com Wilson dando vazão aos mais inventivos recursos para materializar suas viagens diante das limitações tecnológicas da época, são os pontos altos do filme, assim como a desintegração psicológica que o levou a surtar.
Após esse digno tributo aos Beach Boys, outras aguardadas cinebiografias seguem na fila para sair do papel (veja abaixo).
Cinebiografias musicais a caminho
Beatles
Faz alguns anos que o projeto foi anunciado, e o nome do diretor Michael Winterbottom segue a ele atrelado. Trata-se da adaptação do livro The Longest Cocktail Party, de Richard Di Lello, que acompanha a criação e a derrocada da Apple, a gravadora dos Beatles, e os anos de crise que levaram à separação da banda. Ainda no universo beatlemaníaco, Benedict Cumberbatch tem em seu horizonte viver Brian Epstein em The Man Who Made The Beatles, de Paul McGuigan.
Rolling Stones
Mick Jagger e Keith Richards deram sinal verde para a realização de Exile on Main Street: A Season in Hell With the Rolling Stones, adaptação do livro de Robert Greenfield sobre os bastidores da gravação do clássico disco Exile on Main Street, na França. O status do projeto segue "em desenvolvimento" no IMDb, referencial banco de dados cinematográfico.
Janis Joplin
A esperada cinebiografia da cantora que morreu em 1970 já aparece como "em produção". O brasileiro Fernando Meirelles já esteve cotado para a direção. Quem está no comando agora é o canadense Jean-Marc Vallée (de Clube de Compras Dallas). Janis será vivida pela oscarizada Amy Adams.
Elton John
Lee Hall, roteirista de Billy Elliot, contou com aval do próprio Elton John para escrever Rocketman, que conta a história do artista destacando sua parceira com o letrista Bernie Taupin. Tom Hardy está escalado para viver Elton no filme a ser dirigido Michael Gracey.
Amy Winehouse
Após o recente sucesso do documentário Amy, a cantora britânica morta em 2011 pode aparecer no projeto ficcional que lançou o nome da atriz sueca Noomi Rapace como provável protagonista. A diretora e roteirista Kirsten Sheridan está no comando do projeto.
Queen
Esta é das mais enroladas. Esteve próxima de sair com Sacha Baron Cohen na pele do cantor Freddie Mercury, mas o ator abandonou o projeto por "diferenças criativas" com o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. O status mais recente, ainda no campo da especulação, coloca o ator Ben Whishaw no filme a ser dirigido por Dexter Fletcher.