Gramado lotou de fãs e turistas no primeiro fim de semana do festival de cinema, mas o tapete vermelho tem recebido poucos nomes midiáticos nesta 43ª edição. Passado o impacto da exibição de Que Horas Ela Volta?, filme de Anna Muylaert que foi muito aplaudido pela plateia ao abrir o evento, na sexta-feira, quem atraiu as atenções na Serra foi o ator, diretor e produtor Daniel Filho.
Ao receber o Troféu Cidade de Gramado, no sábado, o midas do cinema popular nacional homenageou os colegas de profissão em seu discurso. Foi aplaudido de pé ao subir no palco e interrompido por aplausos ao dizer que, em seu ofício, "o importante não é o quão bom você é, mas quanto tempo você dura" - o artista persistente completará 78 anos em setembro, 63 dos quais dedicados à carreira no teatro, no cinema e na TV.
Na tela, chamou a atenção a irregularidade dos primeiros longas em exibição. Se Que Horas Ela Volta? levou para o alto a régua da qualidade do evento, Introdução à Música do Sangue decepcionou público e crítica presentes. Seu diretor, Luiz Carlos Lacerda, mostrou resignação ao ouvir alguns comentários negativos no debate sobre o filme, ontem pela manhã.
- Concordo. Pelo jeito, acho que é isso mesmo - respondeu, após ouvir uma crítica sobre a ineficiência de alguns diálogos da trama sobre a chegada da energia elétrica a uma região isolada do interior mineiro.
Diários de Gramado: o abismo social no festival
Daniel Filho recebe homenagem: "os colegas são os grandes professores"
Leia todas as notícias sobre o Festival de Cinema de Gramado
O único título tão aplaudido quanto Que Horas Ela Volta?, até agora, foi o curta O Muro, documentário de Eliane Scardovelli sobre um bairro paulistano onde, lado a lado, instalaram-se um condomínio de classe alta e uma favela.
Já os primeiros títulos latino-americanos em exibição, o suspense político Zanahoria, de Enrique Buchichio (Uruguai), e o curioso e instigante docudrama En la Estancia, de Carlos Armella (México), confirmaram a boa expectativa que se tinha para a mostra de longas estrangeiros de Gramado 2015.
Por enquanto, de surpreendente e inusitado, o festival serrano só teve o intenso calor.