Ao longo de todo o 43º Festival de Gramado, que começou na sexta-feira, dia 7, e se estende até o próximo sábado, 16, vamos apresentar um diário com notícias e comentários do que de mais importante acontece no Palácio dos Festivais e nos bastidores do evento. Quem chamou a atenção? Quais são os filmes preferidos do público e da crítica? Confira.
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O abismo social brasileiro está em Gramado 2015. Tema do longa de abertura, Que Horas Ela Volta?, a tensão da convivência entre ricos e pobres também aparece no curta paulista Muro, de Eliane Scardovelli - um dos filmes mais aplaudidos do festival até aqui. O documentário registra a vida em um bairro paulistano onde, lado a lado, instalaram-se uma favela e um condomínio de classe alta - separados pelo muro do título. Nos debates sobre os dois filmes, o longa O Som ao Redor (2012) foi citado como referência de um cinema nacional que, cada vez mais, aborda o assunto.
Muita gente, poucas estrelas
As ruas da cidade serrana estão lotadas, mas o tapete vermelho tem recebido poucos nomes midiáticos nesta edição do festival. As cenas de fãs histéricos implorando por fotos e autógrafos só se deram, até aqui, quando Daniel Filho chegou para receber o Troféu Cidade de Gramado. Os atores Armando Babaioff e Greta Antoine e o crítico Rubens Ewald Filho foram os outros nomes saudados com euforia pelo público.
Artista persistente
Aplaudido de pé por um Palácio dos Festivais lotado, o ator, diretor e produtor Daniel Filho homenageou os colegas de profissão em seu discurso. Foi aclamado pela plateia ao dizer que, em seu ofício, "o importante não é o quão bom você é, mas quanto tempo você dura". O artista persistente, midas do cinema popular brasileiro, completará 78 anos em setembro. São 63 anos de carreira, ele fez as contas no palco - no cinema, sua estreia se deu em 1955 no longa Colégio de Brotos.
Troncoso e o problema das projeções
Ele é uruguaio, mas é praticamente um cidadão gramadense - embora neste ano, excepcionalmente, não esteja presente no festival. Apresentado ao público brasileiro em O Banheiro do Papa (2007), César Troncoso é o protagonista do longa uruguaio em competição, o suspense político Zanahoria, de Enrique Buchichio. E está também no curta O Corpo, de Lucas Cassales, apresentado no sábado na mostra gaúcha e selecionado para a mostra nacional de curtas-metragens de Gramado 2015. Aliás, Cassales, ao apresentar seu filme, demonstrou preocupação com a qualidade da projeção do Palácio dos Festivais. Mas quem foi prejudicado mesmo foi Zanahoria, cuja fotografia pareceu lavada na tela do cinema - algo que o próprio diretor lamentou no debate sobre o filme, domingo pela manhã.
Palácio lotado
Tem sido assim nos primeiros dias: o Palácio dos Festivais recebe bom público tanto nas sessões noturnas quanto na mostra de curtas gaúchos, o popular Gauchão, realizado à tarde durante este primeiro fim de semana de Gramado 2015. Razão, sobretudo, da grande quantidade de profissionais do cinema local presentes na Serra e do barateamento do ingresso, que já chegou a custar R$ 100 e, nos últimos anos, foi reduzido para R$ 30 (a exceção da noite de premiação, que tem preço fixado em R$ 100).
A decepção e a musa
Decepcionou o novo filme do veterano diretor Luiz Carlos Lacerda. Apresentado na noite de sábado no Palácio dos Festivais, Introdução à Música do Sangue foi unanimemente mal recebido pela crítica e pelo público presente - inclusive pelas atuações apáticas dos bons atores Ney Latorraca e Bete Mendes, esta última presente ao festival. Foi a performance da jovem atriz Greta Antoine que, em meio aos defeitos do longa, acabou chamando a atenção. Só que a candidata à musa de Gramado 2015 já foi embora: com compromissos em São Paulo no domingo, Greta nem ficou para o debate sobre o filme, na manhã seguinte à sessão.
Jovem atriz Greta Antoine é candidata a musa do festival
Foto: Igor Pires, Agência PressPhoto
