Cinco anos e um projeto paralelo depois, Pitty voltou à ativa com Setevidas (2014). O álbum recolocou a cantora na estrada em uma turnê que passa novamente por Porto Alegre na noite desta quinta-feira. Em entrevista por e-mail, Pitty fala de seu lugar na cena musical e de fazer rock por identificação.
O rock é um gênero que recebe pouca ou nenhuma atenção do mercado e quase não tem espaço nas rádios de maior audiência. Nestes 10 anos de carreira, você nunca teve vontade de se voltar para outro gênero ou dar uma amaciada no som?
Hahahaha! Desculpe, mas essa pergunta soa até ofensiva. Quem faz rock o faz por identificação, expressão, estilo de vida. Não é porque "está na moda", ou "tem espaço na mídia". Isso é consequência, se rolar, ótimo. Se você encontrar alguma banda que optar como estratégia "dar uma amaciada no som" pra fazer sucesso, pode ter certeza de que é uma farsa ou uma piada, e o público com senso crítico sente isso. Como dar credibilidade a um artista que pensa mais em comércio do que em arte?
Leia outras notícias de música
E você acredita que o rock ainda voltará a ter alguma relevância comercial?
Imagino que sim, porque esse movimento é de vaivém há muitos e muitos anos. Logo mais surge alguma banda que populariza a coisa mais um pouco, e aí a galera "true" vai odiar e achar que é vendido. Enfim, aquele ciclo que já vi muitas vezes. Mas isso não importa, na verdade. O que importa é fazer o que se quer fazer enquanto artista.
Como avalia seu público hoje?
O público está mais heterogêneo do que nunca. Tem muita gente mais velha, que amadureceu junto ou que passou a dar valor depois do (projeto) Agridoce e do Setevidas. E tem uma molecada também, os jovens continuam aparecendo, e essa renovação é bem bacana. Gosto de olhar pra plateia e ver ali negros, brancos, homens, mulheres, gays, héteros, jovens e velhos convivendo harmonicamente e se respeitando mutuamente - um fragmento do que o mundo poderia/deveria ser.
Que espaço você acha que ocupa no cenário musical atualmente?
Tô bem feliz com esse momento. Nunca fui tão livre artisticamente, faço o que quero fazer e vivo disso. Os shows estão sendo incríveis, geral cantando tudo, uma catarse bonita de ver. Sou uma artista de rock e consigo transitar por vários estilos através da convivência com outros artistas, que me chamam pra projetos diferentes, seja na MPB ou no rap, e eu gosto desses desafios. Então, não sei que lugar exatamente ocupo no cenário brasileiro. O que eu sei é que sempre procurei o equilíbrio entre o underground e o mainstream, e gosto de pensar que encontrei esse lugar.
SERVIÇO
Quinta, às 23h. Classificação: 16 anos.
Opinião (José do Patrocínio, 834), fone (51) 3211-2838.
Abertura da casa: 21h30min.
O show: Pitty apresentará as canções de seu novo disco, Setevidas, além de canções de trabalhos anteriores, como Me Adora, Na Sua Estante e Equalize.
Ingressos: R$ 80. Ponto de venda sem taxa de conveniência: Youcom do Bourbon Wallig. Pontos de venda com taxa de conveniência: lojas Youcom dos shoppings Praia de Belas, Bourbon Ipiranga e Barra Shopping Sul, lojas Multisom do Centro de Porto Alegre (Andradas 1.001), Canoas Shopping, Bourbon Novo Hamburgo e Bourbon São Leopoldo e pelo site www.minhaentrada.com.br/opiniao.
Entrevista
"Rock é identificação, estilo de vida", diz Pitty
Cantora apresenta repertório do disco Setevidas nesta quinta, no Opinião
Gustavo Brigatti
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project