Há pouco mais de dois anos, Sam Smith servia mesas e carregava bêbados para fora de botecos em Londres. Mas, no domingo passado, o que o inglês de 22 anos carregou foram quatro belos gramofones dourados, conquistados na cerimônia do Grammy. Sensação do momento, ele é mais um representante da excelente fase que a soul music britânica atravessa há pelo menos uma década.
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A consagração de Smith veio no formato de quatro dos mais cobiçados troféus da premiação: gravação do ano, canção do ano, melhor álbum pop vocal e melhor artista novo. E isso que ele ainda tinha indicações para álbum do ano e melhor performance solo pop. Para quem acompanha o noticiário musical, no entanto, a patrola dirigida por Smith era favas contadas.
Antes mesmo de lançar seu primeiro disco, In the Lonely Hour, em maio do ano passado, o rapaz havia sido indicado (e vencido posteriormente) aos prestigiosos Brit Awards e BBC Sound. Depois, concorreu nas principais categorias dos prêmios da MTV nos EUA e na Europa. Para arrematar, terminou 2014 como o único artista a ultrapassar a barreira de 1 milhão de cópias vendidas nas duas praças e começou 2015 na capa da Rolling Stone.
Tanto sucesso não surgiu do nada, claro. Smith é herdeiro de uma longa tradição britânica de se apropriar e reinventar a soul music americana com a introdução de novos elementos. Nada puristas, os súditos da rainha têm feito miséria com o gênero desde os anos 1960, com nomes como Dusty Springfield e Tom Jones, passando por Joe Cocker e Van Morrisson, seguindo por George Michael e Sade.
Nos anos 2000, depois de um tempo longe das paradas de sucesso, a soul music de sotaque britânico voltou a brilhar - de novo, nada ortodoxa, embora notadamente feminina. De Joss Stone a Adele, passando por Amy Winehouse e Emeli Sandé, a onda varreu premiações e influenciou toda a produção pop - incluindo o novo queridinho Sam Smith (veja abaixo).
Para o soulman inglês Myles Sanko, que recentemente acompanhou a The Hard Working Band em turnê pelo Rio Grande do Sul, a soul music é a música pop original e, como tal, precisa evoluir - o que inclui se misturar com outros gêneros.
- O soul britânico alcançou um nível tão alto que se tornou tão bom ou até melhor do que os inventores americanos - diz. - Por isso, vai permanecer por muito tempo por aí, tocando a alma das pessoas.
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Gustavo Brigatti
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