Está virando tradição: uma vez por ano, a tranquilidade campeira do Hotel Fazenda Pontal, em Maquiné, abre espaço para a agitação do MECAFestival. A quinta edição do evento que leva bandas alternativas ao cenário bucólico é amanhã, das 17h as 2h. Neste ano, as atrações internacionais vêm todas de Londres: La Roux, AlunaGeorge e Citizens!. A elas somam-se a banda Wannabe Jalva e o músico Erick Endres.
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A proposta é oferecer ao público uma experiência envolvendo a música e o clima dos festivais estrangeiros, uma ideia que deve se multiplicar. Rio (dia 18) e São Paulo (dia 24) também receberão edições do MECA. No segundo semestre, o festival vai a Londres e há negociações para que ocorra em Nova York, Los Angeles e Paris.
- É um sonho antigo, preferimos fazer vários eventos para 5 mil pessoas no mundo inteiro do que um festival enorme aqui - explica a produtora Francesca Wade.
A expansão, no entanto, pode colocar em risco a edição gaúcha:
- O coração do MECA está aqui, na Fazenda Pontal, mas vamos ver se conseguimos manter, porque aqui sempre tem que ser num sábado. É difícil de encaixar na agenda.
Show de encerramento
O trunfo do MECAFestival se chama La Roux, projeto da inglesa Elly Jackson. Acompanhada de sua banda, a compositora fará um show a partir dos seus dois discos: o homônimo, sucesso de crítica em 2009, e Trouble in Paradise, o sexto melhor de 2014, segundo o jornal The Guardian.
Considerando o que as rádios tocam hoje, é quase injusto chamar La Roux de pop. Seu novo disco consegue ser dançante e complexo ao mesmo tempo. Nele, o funk e a disco dos anos 1970 quebram a batida seca e oitentista herdada do New Order. O exotismo fica por conta da voz agudíssima de Jackson e da mistura com reggae e calipso. É um encontro da frieza inglesa com o calor da música negra e dos ritmos caribenhos.
Na aparência, La Roux não é menos incomum: andrógina, parece vir do mesmo planeta de David Bowie, outra de suas referências. O set list do show inclui, entre outras faixas, Quicksand, Tigerlily e Fascination, do primeiro disco, e Tropical Chancer, Cruel Sexuality e Uptight Downtown, do segundo.
Outra atração badalada é o grupo Citizens!, de volta ao festival após um show animado em 2013. A novidade serão as músicas do próximo disco, previsto para abril. Uma banda menos conhecida, AlunaGeorge, completa a programação. Years&Years também estava agendada, mas cancelou sua vinda na véspera do show.
Confira a entrevista com Elly Jackson, do La Roux:
Seu show é como uma grande festa?
Definitivamente. O show é organizado de maneira que, quando chegamos a Tropical Chancer e Uptight Downtown, no último terço do set, está superanimado. Uma das coisas mais legais que vi nos shows desta turnê são pessoas abrindo um pequeno espaço ao redor de si e, não apenas pulando ou botando as mãos para cima, mas de fato dançando. É exatamente isso o que quero, essa mentalidade disco.
O disco Trouble in Paradise tem um conceito e uma estética muito particulares. Como isso é traduzido para o palco?
A gente tentou incorporar a atmosfera do álbum o máximo possível no palco. O principal é a paleta de cores que lembra Hockney (o artista inglês David Hockney) e está na iluminação. Tem um esquema de luzes incrível feito pela mesma pessoa que trabalha com o New Order há 30 anos. As luzes criam uma atmosfera de club às vezes, e uma atmosfera tropical de verão em outras. É simples, mas dinâmico.
De onde veio essa atmosfera tropical que aparecia pouco no primeiro álbum?
Sempre gostei de sons tropicais, não sei bem por quê. Cresci em Brixton e sempre ouvi muita música negra em casa. Acho que é a combinação disso com o fato de ter passado um tempo no Caribe. Na música I'm Not Your Toy, do primeiro disco, havia um elemento disso, mas sem nada remotamente parecido com reggae ou dancehall. Misturei tudo com disco, que não é tropical, mas tem natureza ensolarada.
Mas nem tudo é alegre. Você busca um contraste entre sons felizes e melancólicos?
Não é intencional, mas é o que acontece porque é o que me atrai. Eu provavelmente não gostaria de uma música que não tivesse essa justaposição. Uma das minhas favoritas é Just One Look, da Doris Troy, que é alegre, mas tem certa melancolia nas letras.
MECAFestival 2015
Sábado, das 17h às 2h.
Hotel Fazenda Pontal (rodovia ERS- 407, km 2,5), em Maquiné.
Capacidade: 6 mil pessoas. Classificação: 18 anos
Ingressos: R$ 135 (2º lote) e R$ 165 (3° lote).
Pontos de venda: lojas Youcom e site blueticket.com.br. O ingresso garante open bar de cerveja durante todo o evento.
Como chegar: o festival oferece ônibus até o local. De Atlântida: saída no Las Ramblas, próximo ao Complex Atlântida e ao The Movement Food Truck Park, das 16h às 21h, por R$ 25 (em dinheiro, na hora). Retorno a partir das 23h e até 30 min após o término do evento. De Capão da Canoa: saída em frente à prefeitura, às 16h30min, com retorno logo após o término do evento, por R$ 35 (apenas dinheiro). De Porto Alegre: saída às 14h do Largo da Epatur, na Cidade Baixa, e retorno no final do festival, por R$ 70 (ida e volta). Para Capão e Porto Alegre é preciso reservar lugar pelo e-mail meca@viamercosulsa.com.br ou pelos telefones (51) 8279-9216 - 9706-6240.
Fique atento: Mesmo em caso de chuva, o festival está confirmado.
As atrações (horários previstos):
17h - Erick Endres
20h - Wannabe Jalva
21h15 - Years&Years (CANCELADO)
22h30 - Citizens!
23h45 - AlunaGeorge
0h30 - La Roux