Surpresa com as reações inflamadas que sua crônica intitulada O Brasileiro Classe Média provocou, a escritora Carol Bensimon explica a seguir o que quis dizer quando escreveu que havia "muita jequice" nos comportamentos. E admite que talvez tenha empregado mal o conceito de "classe média" em seu texto.
Zero Hora - O que significa para você "jequice"? Tem relação com as origens do termo, com o Jeca Tatu?
Carol - Pra mim não tem a ver nada com classe social. É um certo mau gosto, misturado com a necessidade de ostentar. Poderia ter sido outra palavra. Não tem nenhum conceito sociológico embasado. Não tem a ver com o Jeca Tatu. Acho que pessoas de classe média alta se ofenderam de serem chamadas de jeca, como se jeca fosse só o outro. Ao mesmo tempo, algumas pessoas entenderam muito mal o texto e enxergaram uma classe média emergente... E o retrato que eu fiz era de uma elite.
ZH - Você não estava se referindo à chamada nova classe média?
Carol - Não, estava me referindo à classe A, B. Até porque me enquadro nesta classe e, portanto, acho que eu posso falar mal, é uma espécie de autocrítica. Jamais falaria mal da classe emergente. Até tem coisas ali que eu faço e me identifico.
ZH - Você falou que se referia à classe alta, mas no texto você escreve "classe média, ano base 2013".
Carol - Acho que há alguns anos o conceito de classe média ficou muito confuso. Por coincidência, eu estava com algumas amigas em São Paulo e a gente estava discutindo, antes de sair a coluna, o que é classe média, o limiar de renda. E há informações divergentes. O governo considera classe média uma renda familiar que pode parecer baixa. Talvez eu tenha errado em chamar assim, mas eu estava me referindo a uma velha classe média. Achei engraçado porque essas pessoas que se ofenderam em nenhum momento tentaram dizer que elas não falam no cinema, elas não andam em excesso de velocidade... todas as contravenções e a má educação, ninguém se focou nisso como um problema.