Não é exatamente o tipo de espetáculo que você chamaria de teatro convencional.
Primeiro, pelo local: Fuerzabruta, produção argentina estreada no final de 2003, será apresentada no Pepsi On Stage, em Porto Alegre, espaço utilizado usualmente para shows de música. O público, que pode chegar a 1,2 mil pessoas por sessão, ficará o tempo todo em pé, e a ação não ocorrerá em um palco, mas em meio aos espectadores, em estruturas operadas por uma equipe técnica - à vista de todos. A premissa é de que nada é representado: tudo aqui é real.
Tampouco espere por uma história. Será uma sequência vertiginosa de cenas aparentemente desconectadas que remetem à crueza da vida urbana, buscando referência na velocidade dos filmes de ação. Um homem corre contra a máquina, atravessando paredes; mulheres se movimentam verticalmente em uma grande cortina. Em uma das cenas mais impressionantes, uma piscina com fundo transparente, onde nadam performers, desce do teto e fica ao alcance das mãos. A música eletrônica confere um ar de festa rave, com inspiração da murga, ritmo do carnaval da região do Prata. Excursionando por Estados Unidos, Europa e Ásia, com sucesso de público e de crítica, Fuerzabruta não é o tipo de espetáculo em que se fica intacto. Sim, você pode sair respingado.
Por todas as quebras de convenções teatrais, a produção argentina - criada por integrantes originários do grupo experimental De La Guarda - tem sido rotulada de pós-moderna. Mas eles não estão interessados em intelectualizar a conversa, como explica por telefone o diretor artístico Diqui James:
- Tentamos não teorizar muito, pois isso não nos serve para criar. Não somos intelectuais do teatro. Fazemos o que gostamos; somos físicos, selvagens. Estamos nesse lugar em que importa mais o corpo do que a mente, mais a emoção do que o pensamento.
James acredita que o teatro passa por uma crise, com a migração do público jovem para o cinema, restando um incômodo lugar "alternativo", "fechado em si mesmo":
- Queremos que os jovens rompam com o preconceito de que o teatro é feito para a burguesia. Fazemos teatro para pessoas de qualquer cultura, de qualquer idade. Não é preciso conhecer Shakespeare para ter uma experiência como Fuerzabruta.
Por um atraso na liberação do equipamento cenográfico do espetáculo na aduana de São Borja, a sessão de estreia foi transferida novamente. Agora, ela ocorre na segunda-feira (17/9) às 22h. A sessão de domingo foi transferida para uma sessão extra na sexta-feira (21/9), às 20h. Ainda há bilhetes para as demais apresentações, entre os dias 18 e 21, às 22h, e dia 22, às 18h e às 22h.
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Dica ZH
Como o público assiste em pé aos 75 minutos de espetáculo, é importante ir vestido com roupas confortáveis. Mulheres devem evitar sapatos de salto alto.