Um projeto francês que produz músicas cantadas em inglês em um estilo musical brasileiro. Trazendo versões de Joy Division, The Clash e Duran Duran, o Nouvelle Vague se apresenta pela primeira vez em Porto Alegre. O show será realizado no Auditório Araújo Vianna nesta quinta-feira (31), a partir das 21h (veja mais detalhes ao final do texto).
O Nouvelle Vague foi criado em 2003 pelos produtores franceses Marc Collin e Olivier Libaux. A finalidade era realizar releituras de clássicos dos anos 1970 e 1980 do punk rock, pós-punk e new wave, só que com arranjos baseados na chanson francesa e, especialmente, na bossa nova. Outra característica do projeto é o vocal feminino, com cantoras que se alternam a cada faixa, disco e turnê.
No entanto, Libaux morreu em 29 de setembro de 2021. Após uma pausa, Collin deu continuidade ao Nouvelle Vague, lançando o disco Should I Stay or Should I Go? em fevereiro deste ano. O álbum deve compor parte do repertório que será apresentado no Araújo.
Ao mesmo tempo, a turnê serve para celebrar os 20 anos do Nouvelle Vague. Então, outra parte do show é composta por faixas do primeiro disco, de 2004, que leva o nome do grupo. É possível esperar músicas como Love Will Tear Us Apart (Joy Division), Teenage Kicks (The Undertones) e Just Can't Get Enough (Depeche Mode), entre outras do trabalho de estreia.
— Acho que esta turnê traz um de nossos melhores shows. Muitas pessoas vieram me comentar que era a melhor apresentação que viram do Nouvelle Vague. Fico feliz, pois, após 20 anos de projeto, isso parece ótimo — destaca Collin.
A turnê conta com duas vocalistas, Alonya e Marine Quéméré — ambas marcam presença em Should I Stay or Should I Go?. Aliás, além da faixa-título pinçada do The Clash, o álbum traz This Charming Man (The Smiths), Girls on Film (Duran Duran), Shout (Tears for Fears), She's in Parties (Bauhaus) e, entre outros hits, uma versão grandiloquente de You Spin Me Round (Dead or Alive).
O disco começou a ser elaborado com Libaux, mas ele morreu no início da produção. Então, o processo de composição precisou ser alterado.
— É diferente trabalhar sem ele. Muitas vezes, começávamos a compor os arranjos pelo violão (Libaux era o violonista do projeto, enquanto Collin focava no teclado) — diz o músico. — Desta vez, não poderia iniciar pelo violão, mas sim pelo piano. Mesmo assim, acho que é um álbum melhor que o anterior (I Could Be Happy, de 2016) porque eu estava mais aberto para músicas diferentes, e a seleção de faixas foi ainda melhor.
Bossa nova e futuro
Em relação à música brasileira, Collin cultua Tom Zé, João Gilberto, Caetano Veloso e o movimento tropicalista. Ele confessa que estava com medo na primeira vez que se apresentou com o Nouvelle Vague no Brasil, nos anos 2000.
A sensação era que, a qualquer momento, alguém poderia apontar o dedo e dizer: "Vocês estão tocando bossa nova? Quem vocês pensam que são?". Mas o músico assegura que tudo deu certo, com uma plateia jovem e apaixonada pela banda. Ele garante que os brasileiros se tornaram um de seus públicos favoritos.
Collin afirma que a bossa nova segue sendo uma das marcas registradas do Nouvelle Vague:
— Acho que a bossa nova transparece uma melancolia. Creio que é justamente isso que faz as releituras funcionarem. Por isso, é sempre bom tocar nossa versão de Love Will Tear Us Apart: a bossa nova preenche e flutua com a faixa. É um encaixe perfeito.
Originalmente, o Nouvelle Vague era para ter durado só um álbum — o de 2004. No entanto, o tempo foi passando e mais releituras foram postas em prática. Collin admite que em 2010, após Couleurs sur Paris, surgiu a ideia de encerrar o projeto, pois parecia que já haviam feito tudo que era possível.
Anos depois, houve a possibilidade de gravar I Could Be Happy, e o Nouvelle Vague prosseguiu. O projeto não acabou com a morte de Libaux. Collin já pensa no próximo disco, que, segundo ele, deve focar no repertório de só um grupo — talvez The Clash, Depeche Mode ou New Order. Antes, pretende lançar três faixas nos próximos meses.
— Gosto de surpreender a mim mesmo. Ainda podemos fazer coisas interessantes. Ainda há músicas que quero trabalhar. E o público segue nos ouvindo e assistindo. Então, por que deveríamos parar? — conclui.
Nouvelle Vague
- Nesta quinta-feira (31), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre. Abertura da casa: 19h30min.
- Ingressos: a partir de R$ 60 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível).
- Pontos de venda sem taxa: Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, somente em dinheiro; e bilheteria do Araújo Vianna, somente no dia do evento, duas horas antes do show. Ponto de venda com taxa: pela plataforma Sympla.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante sobre o valor inteiro do ingresso.
- Classificação etária: 18 anos.