Uma improvável cena de fado desponta em Porto Alegre graças ao Alma Lusitana. Apesar de existir há 15 anos, o grupo intensificou as atividades em meados de 2016, quando deu início a shows mensais na confeitaria Amo.te Lisboa. Em 2018, surgiu o Fado na Cidade Baixa, projeto de apresentações ao ar livre na Rua Olavo Bilac que hoje tem público cativo. Os shows são realizados diante do número 198, onde moravam dois fundadores da banda, a produtora Edna Souza e o músico Jéferson Luz.
— Sempre coloco cem cadeiras na rua, que lotam. Muita gente vem e traz a sua. A gente pensava que o fado era algo restrito, mas temos visto que muita gente gosta. Vem gente que já foi (a Portugal) e quer matar a saudade, português que mora aqui e outras pessoas que só querem estar na rua, querem cultura e se sentem mais seguras quando há mais gente – explica Edna, que costuma avisar a Brigada Militar quando há evento.
O grupo foi criado por Jéferson Luz, filho de portuguesa e bisneto de fadista, em 2005. O músico lembra que teve de ir atrás de uma guitarra portuguesa, carro-chefe do fado:
— Eu tocava violão e guitarra, depois passei para o bandolim e só depois que parentes me enviaram uma guitarra portuguesa comecei a aprender a tocar. Ainda hoje, vários grupos de fado no Brasil não têm a guitarra portuguesa, adaptam com acordeom.
A banda fica completa com a cantora Alana Porto Pereira, filha de mãe fadista, o violonista Diego Costa e o tecladista Maurício Montardo. Ele tocam um repertório que inclui Nem às Paredes Confesso e Coimbra, canções imortalizadas na voz de Amália Rodrigues, e títulos mais recentes, como Haja o que Houver, do grupo Madredeus, e Chuva, da cantora Mariza.
Com o sucesso dos shows na rua, Jéferson e Edna decidiram transformar a própria residência na Casa de Fado Maria Lisboa. O estabelecimento está funcionando em "soft opening" desde dezembro, com shows eventuais, e como café temático (de segunda a sexta, das 10h às 19h), mas a abertura oficial será em 28 de março.
A proposta já chamou a atenção de grupos estrangeiros, como o argentino Fado Trio, que entrou em contato e acabou tocando ali no mês passado, e o chileno Fado El Sur, que se candidatou para fazer o mesmo.
O plano dos donos é lançar noites de fado quinzenais aos sábados e saraus literários mensais nas terças, além de cursos e venda de artesanato português. Os fãs do Fado na CB não precisam se preocupar: o evento seguirá ocorrendo no segundo domingo de cada mês, a partir de 8 de março. Outro projeto do grupo, o show O Guaíba Vai Virar o Tejo, no Barco Cisne Branco, terá sua terceira edição em 7 de março.
Acompanhe a agenda do grupo pelo Facebook @almalusitanabr.