Um dia depois de completar 60 anos, Andrea Bocelli deu continuidade às comemorações da nova idade em grande estilo. Mesmo com chuva em grande parte do concerto, um dos grandes nomes da música clássica visitou faixas que marcaram diferentes fases de sua carreira e emocionou o público que foi ao Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. O show ficou ainda mais especial com a participação da brasileira Maria Rita, convidada especial para as apresentações no Brasil.
Pontualmente às 20 horas, quando a chuva apertou o passo, Andrea Bocelli deu início à sua primeira apresentação em terras gaúchas com o sucesso La Mia Letizia Infondere. Animado, o tenor agradeceu discretamente com um "grazzie mille" (muito obrigado, em italiano).
Na primeira parte, o cantor fez uma homenagem a vários nomes da música clássica, com composições de Verdi, Ponchielli e Puccini. Entre as faixas, destaque para Feste e pane, apresentado junto com a Orquestra Juvenil Heliópolis e um coral. O, soave fanciulla, cantada ao lado da soprano Larisa Martínez, fechou a sequência inicial do setlist, com muita intensidade na voz dos cantores.
A partir deste momento, parecia que a festa especial em comemoração ao aniversário de Bocelli estava de fato começando. Após o número de Libiamo, libiamo, com muitos aplausos do público, o show teve uma pequena pausa com a apresentação da orquestra convidada, formada por 60 músicos com idades entre 14 e 25 anos, que tocaram Garota de Ipanema e Chega de Saudade, de Tom Jobim.
Neste momento, Bocelli voltou ao palco e agradeceu o carinho. Ele foi traduzido na hora pelo maestro Eugene:
— Eu não falo muito português, mas quero dizer uma coisa do coração: a orquestra não pode deixar de ser homenageada. Com eles, o futuro da música do Brasil está garantido. Agradeço também a quem está ficando lá nas cadeiras [referindo-se ao público] com a chuva (Risos de toda a plateia). Isso tudo é um presente pelos meus 60 anos — disse.
Emoção de Maria Rita
Após os ritmos brasileiros dominarem o palco e as performances de Mamma e Core 'ngrato, foi a vez de Funiculí Funiculá, clássico italiano, aquecer a noite. Na sequência, o duo de violonistas clássicos Magdalena Kaltcheva e Carlo Corrieri — o CARisMA Guitar Duo — deram um toque mais espanhol ao espetáculo, com uma performance de tango no palco e boa apresentação musical. Depois, vieram os clássicos Amapola e Granada.
O repertório variado ficou ainda mais completo com a entrada de Maria Rita, que foi chamado ao palco pelo maestro Eugene Kohn, definida como uma "artista que o público ama muito". Sozinha, a paulista homenageou a mãe no palco, cantando Me Deixas Louca, de Elis Regina.
Então, em uma combinação muito surpreendente, a brasileira recebeu Andrea para cantar Tristeza, de Niltinho e Haroldo Lobo. O italiano arranhou bem no português, dando uma boa roupagem para a canção marcante da MPB.
A parceria ganhou ainda mais força quando o tenor fez questão de manter Maria Rita no palco para cantar If Only, single do próximo disco de Andrea, Sí, que será lançado no dia 26 de outubro. Mas foi, na canção seguinte, que o público percebeu a emoção da brasileira: em meio às lágrimas, Maria Rita apresentou Canto della terra com o tenor.
Aplaudido de pé, duas vezes
Por fim, a parte final do setlist foi aberta com outro sucesso da carreira do italiano, The Prayer, que também contou com apoio da filha de Elis. Na canção seguinte, que era a penúltima, foi o momento em que o público não se conteve: levantou para aplaudir de pé a performance do sucesso Con Te Partiró, que foi cantada ao lado da soprano Larisa Martínez.
O clima de festa era nítido e havia tempo ainda mais um hit que encantou diferentes gerações. Com Nessun dorma... O sole, vitta, Andrea fechou a noite com reforço de seu coral. Não tinha como ser diferente: todo mundo saiu mais uma vez das cadeiras para aplaudir um dos maiores nomes da música mundial.
E como toda festa de aniversário, não faltou o essencial: a orquestra tocou um parabéns, acompanhado de muitas palmas. Que noite, Andrea.