A cantora porto-alegrense Adriana Calcanhotto estaria disposta a se lançar candidata à vaga aberta na Academia Brasileira de Letras com a morte de Cleonice Berardinelli, ocorrida nesta terça-feira (31), no Rio de Janeiro.
Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, Adriana pensa "com muito carinho" em lançar oficialmente seu nome à sucessão no próximo dia 2 de março, "por Dona Cleo e em sua memória". A cantora era muito próxima da professora e escritora, com quem já fez alguns trabalhos.
Com a morte de Cleonice, que ocupava a cadeira Número 8, o número de mulheres na ABL caiu, em menos de um ano, de seis para três, num total de 40 acadêmicos. Nos últimos meses, também faleceram Lygia Fagundes Telles e Nélida Piñon.
Lygia foi sucedida por Jorge Caldeira. A cadeira de Nélida deve ser ocupada por Heloísa Buarque de Hollanda, numa eleição ainda não agendada. Já para a vaga aberta com a morte de Cleonice, impõe-se, desde já, uma preocupação entre os integrantes da ABL com a representatividade feminina, uma vez que as mulheres estão subrepresentadas.
As mulheres que ocupam as três cadeiras, atualmente, são Ana Maria Machado, Cadeira 1; Rosiska Darcy de Oliveira, Cadeira 10; e Fernanda Montenegro, que ocupa a Cadeira 17.
Despedida
A escritora Cleonice Berardinelli era a integrante atual mais longeva da organização. A informação de sua morte foi confirmada pela instituição em um e-mail geral aos acadêmicos.
Ela era considerada uma das maiores especialistas do mundo em literatura portuguesa, sendo a primeira a escrever uma tese sobre Fernando Pessoa no Brasil — e a segunda no mundo. Cleonice foi eleita para a ABL em 2009, sucedendo Antônio Olinto e se tornando a sétima mulher no grupo.
Licenciada em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na Universidade de São Paulo, doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Faculdade Nacional de Filosofia na Universidade do Brasil e livre-docente de Literatura Portuguesa na Faculdade Nacional de Filosofia, Berardinelli exerceu magistério por mais de meio século. A escritora foi autora de obras como Antologia do Teatro de Gil Vicente, de 1971, Fernando Pessoa. Obras em Prosa, de 1975 e Sonetos de Camões, de 1980.