A visita da equipe da prefeitura do Rio de Janeiro à Bienal do Livro na cidade durou cerca duas horas. Nesta sexta-feira (6), fiscais e o subsecretário de operações da Secretaria Municipal de Ordem Pública, o coronel Wolney Dias, que é ex-comandante da Polícia Militar, circularam entre crianças e adolescentes presentes ao evento para procurar livros infantojuvenis que supostamente têm conteúdo pornográfico.
O caso acontece depois do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciar em seu Twitter na noite de quinta-feira (5) que mandou recolher a HQ Vingadores - A Cruzada das Crianças do evento. A publicação traz dois homens se beijando - o que Crivella considerou pornografia e, portanto, atentaria contra o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Segundo Dias, o objetivo da visita era verificar a denúncia de que livros impróprios para menores de idade estão sendo vendidos na Bienal.
— Não é censura. Estamos cumprindo uma recomendação da Procuradoria Geral do Município — disse Dias a jornalistas quando chegou aos pavilhões do Rio Centro, onde a Bienal acontece até domingo (8).
O subsecretário estava acompanhado de um fotógrafo, um cinegrafista e assessores de imprensa. Ele visitou os estandes da livraria Comix e da editora Panini, onde folheou alguns títulos enquanto era registrado em imagens por sua equipe. Outros fiscais estiveram em estandes de editoras tradicionais do mercado, caso da Record e da Companhia das Letras.
Às 14h15min, quando a visita foi oficialmente encerrada, Dias foi questionado se havia encontrado algo na Bienal:
— Muitos livros — respondeu.
Segundo a prefeitura, não foi achado nenhum livro pornográfico indicado para menores de idade. Também não há nenhuma nova visita programada ao evento.
Mesmo assim, a organização da Bienal do Livro entrou com um pedido de mandado de segurança preventivo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na tarde desta sexta. O pedido é para garantir o funcionamento do evento e o direito dos expositores de comercializar obras literárias sem qualquer recolhimento.