A 16ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo começou com homenagens, música, dança – e um protesto fora do protocolo nesta segunda-feira (2). Depois de ter a edição de 2015 cancelada por falta de recursos, o evento bianual voltou nesta segunda-feira, com casa cheia. Duas mil pessoas lotaram o Espaço Suassuna, auditório montado especialmente para os encontros literários, que seguem até sexta-feira.
Depois de apresentação da banda Roudini & O Impostores, os discursos das autoridades comemoraram o retorno do evento e também pagaram tributo a uma ex-liderança, pela primeira vez ausente na organização. A idealizadora da Jornada, Tânia Rösing, deixou a coordenação do projeto depois do cancelamento de 2015, mas foi lembrada em diferentes falas da abertura.
– Ela sempre esteve na vanguarda de seu grupo de trabalho, liderando as iniciativas e as principais ações da Jornada até a edição passada. De personalidade forte, destemida e ousada, a inigualável Tânia Rösing construiu sua história pessoal e profissional em torno da Jornada de Literatura. Dedicamos a ela a continuidade desse magnífico projeto – afirmou José Carlos Carles de Souza, reitor da UPF.
O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, também citou Tânia em discurso:
– Tânia Rösing merecerá sempre nossa gratidão e reconhecimento. É por ela e graças a ela que estamos aqui hoje.
As dificuldades enfrentada pelo atual grupo de trabalho também foram lembradas.
– A Jornada de 2017 teve muitos condicionantes. Teve um contexto de sérias restrições matérias, um momento de grande instabilidade política. Havia um contexto de indefinições, que só pode ser superado com a adesão do mais importante recurso para a realização de qualquer projeto: a adesão da comunidade – disse o professor Miguel Rettenmaier, coordenador da Jornada.
A noite também teve algumas vaias direcionadas ao governador José Ivo Sartori. No discurso do secretário da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Vitor Hugo, representante do governo estadual, gritos de protesto foram ouvidos, e uma faixa foi estendida em frente ao palco. No pano, era possível ler a frase "Sartori, nossa ausência nesse evento é culpa tua". Tratava-se de uma manifestação do Cpers-Sindicato.
– Com o nosso salário, já é difícil frequentar um evento como esse. Não recebendo ou recebendo parcelado, fica ainda mais complicado. Há custos de inscrição e transportes. Além disso, o professor pode conhecer algum livro interessante para melhorar seu trabalho, mas dificilmente terá recurso para adquiri-lo – explica Rovane Napp, um dos professores a carregar a faixa pelo auditório.
A noite foi encerrada com o espetáculo Jornada de Livros e Sonhos, da Cia da Cidade – companhia local que funde teatro, música e artes circenses. O texto homenageava escritores como Clarice Lispector e Moacyr Scliar, além de tratar da importância da leitura para jovens e adultos.