Michael Oher, jogador aposentado da liga de futebol americano (NFL), o homem cuja trajetória inspirou o filme Um Sonho Possível (2009), entrou com uma ação judicial nesta segunda-feira (14) contra a família Tuohy, que foi responsável por levar sua história ao cinema.
Oher alega que, ao contrário do que é retratado no longa, ele nunca foi oficialmente adotado pelo casal Leigh Anne Tuohy e Sean Tuohy. Segundo o atleta, os dois teriam mentido sobre a adoção, utilizando um acordo de tutela para fazer negócios em seu nome. As informações foram divulgadas com exclusividade pela ESPN.
Na época do lançamento, Um Sonho Possível chamou atenção pelo enredo de superação ao retratar a vida de Oher e da família Tuohy. O longa conta a história de Michael (Quinton Aaron), um jovem negro e sem moradia, que teve sua vida modificada ao ser acolhido por Leigh Anne (Sandra Bullock) e Sean Tuohy (Tim McGraw). Após conhecer o adolescente, a família passa a acreditar em seu potencial no esporte e o ajuda a tornar-se um dos maiores astros do futebol americano.
Conforme a ESPN, a ação protocolada na corte do Tennesse, nos Estados Unidos, aponta que o casal acolheu Oher durante o período em que era estudante do ensino médio, mas ele nunca chegou a ser adotado, como retratado no filme.
O jogador diz que, em vez disso, logo após completar 18 anos, ele teria sido enganado por Leigh Anne e Sean para que assinasse um documento tornando-os seus tutores legais. Segundo o astro, o casal explicou erroneamente a ele que se tornar "guardião legal" seria equivalente a "pai adotivo". Dessa forma, mesmo adulto, a assinatura lhes dava autoridade legal para fazer negociações em seu nome. Enquanto, como filho adotivo, ele poderia lidar com seus próprios assuntos financeiros.
No processo, Oher cita que Sean e Leigh Anne usaram o termo de tutores para garantirem os royalties da produção. De acordo com a ação, o filme teria rendido aos Tuohys e a seus dois filhos biológicos 225 mil dólares cada. Ao todo, estima-se que o longa-metragem gerou cerca de 300 milhões de dólares em bilheteria. O jogador, entretanto, figura central da narrativa, afirma não ter recebido nada.
A petição de Oher pede ao tribunal o encerramento da tutela dos Tuohys e o impedimento de uso do nome e imagem do atleta. Além disso, solicita a contabilização dos valores recebidos pela família com a produção e o pagamento de parte dos lucros ao jogador, assim como possíveis indenizações. No passado, conforme a reportagem, o casal chegou afirmar que não teria recebido lucros oriundos do filme, apenas uma taxa fixa acertada com o estúdio e que ela teria sido compartilhada com Michael.
A estrela do futebol americano iniciou sua carreira na NFL em 2009 e diz que só teve tempo para analisar os detalhes legais da suposta adoção após a aposentadoria, que ocorreu em 2016. De acordo com a reportagem, ele teria descoberto os detalhes sobre o acordo do filme e seu vínculo legal com Sean e Leigh Anne, quem ele acreditava ser seus pais adotivos, após contratar um advogado.
"Michael Oher descobriu essa mentira para seu desgosto e constrangimento em fevereiro de 2023, quando soube que a tutela, com a qual ele consentiu com base no fato de que isso o tornaria um membro da família Tuohy, na verdade não lhe fornecia nenhum relacionamento familiar", diz o documento obtido pela ESPN.