César reina soberano emPlaneta dos Macacos: A Guerra (2017), muito graças ao ator por baixo da pelagem digital do líder chimpanzé do filme. O inglês Andy Serkis, 53 anos, já deu vida a personagens computadorizados como o Gollum da franquia O Senhor dos Anéis, o macacão protagonista de King Kong (2005), o Capitão Haddock em As Aventuras de Tintim (2011) e o Líder Supremo Snoke de Star Wars: O Despertar da Força (2015). Dono de uma empresa especializada na tecnologia chamada de captura de performance, o astro poderá ser visto nas telas em 2018 como Ulysses Klaw, o Garra Sônica do filme Pantera Negra, e na pele do urso Balu em Jungle Book – nova adaptação do clássico texto do escritor Rudyard Kipling que Serkis também dirige.
Andy Serkis esteve no Brasil divulgando o terceiro título da nova saga Planeta dos Macacos e conversou por telefone com Zero Hora.
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Quais são os principais desafios para um ator que trabalha com captura de performance?
Eu realmente não acho que existam muitas dificuldades. Atuar é atuar, sempre. Não há diferenças no processo de preparação de uma atuação: você cria um personagem, desenvolve sua psicologia e seu lado emocional, sua história pregressa, sua fisicalidade. Não importa se você coloca um figurino e uma maquiagem ou se sua imagem é digitalizada com efeitos especiais. Você ainda está dando vida a um personagem. Muitos dos atores que dirigi em Jungle Book me perguntavam se tinha algum segredo para atuar assim e eu respondia que não há segredo algum, você só tem que construir um personagem. Você apenas tem que desenvolver uma conexão humana entre você e qualquer personagem que esteja interpretando.
Há uma longa estrada desde O Senhor dos Anéis (2001) até o mais recente Planeta dos Macacos. O que mudou na tecnologia de captura de performance nesse período?
Bem, o principal é que, na época de O Senhor dos Anéis, você tinha que atuar duas vezes: uma no set com os outros atores, de forma ainda bastante tradicional, e outra em um pequeno palco de captura de performance, com câmeras de 360 graus, e fazer de novo o papel, registrando mais a fisicalidade. Os efeitos eram todos acrescentados depois por animadores. Já em King Kong foi utilizada a captura facial, com pontos sensíveis colocados no rosto para registrar digitalmente as expressões e criar uma máscara para o gorila, além de termos uma liberdade maior de movimentação do corpo. A partir de Planeta dos Macacos: A Origem (filme de 2011), foi possível levar toda essa tecnologia para as locações e os sets, ao ar livre, nas florestas. Isso possibilitou uma maior interação com personagens humanos como o coronel vivido por Woody Harrelson. Sem esquecer, claro, do aprimoramento e refinamento que os efeitos digitais adquiriram nestes 17 anos.
Você acha que esse tipo de atuação goza do mesmo prestígio do que as interpretações convencionais. Acredita que um dia poderá ganhar um Oscar vivendo um personagem computadorizado?
Mais e mais atores têm feito grandes atuações em papéis com captura de performance. Mas há muito ainda para explicar e entender a respeito do que fazemos nesses casos. Acho que os integrantes mais antigos de associações ligadas ao cinema não entendem que a tecnologia está a serviço da atuação. Mas acho que isso está mudando, porque a Academia (associação que concede o Oscar) vem recebendo cada vez mais novos diretores, novos membros que compreendem totalmente isso. Acho que a mudança é só uma questão de tempo.