O ritmo de produção do diretor François Ozon é impressionante. Outros colegas seus, entre eles o americano Woody Allen e o canadense Xavier Dolan, também são prolíficos, mas oscilam bastante a qualidade de seus filmes em meio à quantidade de títulos que apresentam a cada ano. Ozon, além da maior versatilidade temática em relação a esses, costuma manter uma boa regularidade em sua linha de montagem.
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Depois de sessões no Festival Varilux, Frantz acaba de estrear nos cinemas brasileiros – em maio, o diretor apresentou no Festival de Cannes seu mais recente longa, L'Amant Double, com boa recepção da crítica. Depois dos dramas contemporâneos Dentro da Casa (2012) e Jovem e Bela (2013), Ozon encena, em Frantz, uma trama de época ambientada sobre as cinzas da I Guerra Mundial. Trata-se de uma adaptação da peça de Maurice Rostand que deu origem ao filme Não Matarás (1932), de Ernst Lubitsch.
A trama se passa em uma pequena cidade alemã onde, em 1919, a jovem Anna (Paula Beer) amarga a morte do noivo no front de batalha contra os franceses. A garota encara o luto com os pais do rapaz, que a adotaram como filha. A chegada do enigmático francês Adrien (Pierre Niney), que se apresenta como amigo do falecido, intriga a família e tensiona os moradores, compreensivelmente hostis à presença do "inimigo".
Ozon lança sobre a situação elementos que lhe são caros: ambiguidade moral, suspense e tensão sexual. O diretor manipula habilmente a percepção sobre as intenções do forasteiro. Ele e o rapaz morto eram mesmo amigos? Foram amantes? Conheciam-se de fato como detalha na sua narrativa? Esses movimentos serão conflitantes sobretudo para Anna. A jovem passa a ver em Adrien, primeiro, a projeção para reviver o amado morto e, depois, a chama para um processo de amadurecimento que terá seu custo moral e emocional.
Frantz
De François Ozon
Drama, França, 2016, 117min, 12 anos.
Em cartaz no Guion Center 1, às 17h10 e às 20h50.