O jornalista Roger Lerina conversou com o ator australiano Hugh Jackman, protagonista do filme Logan, que tem pré-estreia nesta quarta-feira na Capital. Confira:
Você pode falar sobre as mudanças em seu personagem entre este filme e os anteriores?
Eu não acho que tenha mudado o personagem, acho que ganhei 15 camadas mais profundas dele. Eu acho que tudo se encontra nesse filme: minha vontade, a do diretor de fotografia, a do roteirista para me fazer ir mais além nesse personagem. Então é diferente, é mais profundo. Nós focamos mais no lado humano, nos arrependimentos, na dor, nas falhas. E então nós fizemos o necessário com as habilidades de super-herói.
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Como você disse, Wolverine é um personagem mais profundo, ele é sombrio e complexo. De forma geral, você acha que filmes de super-heróis conseguem captar essas sutilezas ou Logan é uma exceção?
Bryan Singer (diretor) estava pensando em uma coisa quando nós fizemos o primeiro filme dos X-Men. Ele disse: estou fazendo ficção científica, não história em quadrinhos. Singer estava realmente obcecado pela ciência, em coisas como uma mãe que pode levantar um carro com uma criança presa. Ele dizia que isso é realmente uma forma de mutação, que você tem que encontrar qual trauma emocional alimenta o seu poder. Então, eu acho que (Christopher) Nolan levou isso a um outro nível como cineasta (na trilogia de filmes do Batman). Até mesmo o Homem-Aranha. O que (Sam) Raimi fez com aquele primeiro Homem-Aranha. Você realmente sente a história, em que Tobey (Maguire, ator) foi muito tocante. Então, de diferentes formas, eu acho que me conectei com Wolverine. O que Robert Downey Jr. fez com aquele personagem (Homem de Ferro). O que Ryan Reynolds fez em Deadpool me deixou louco, tipo, quem poderia imaginar uma coisa daquelas? Aquilo foi incrível!
Logan também é sobre família, paternidade, comunidade, compromisso. Fale sobre esses aspectos do filme.
Isso foi coisa do (diretor) James Mangold, que destacou o ponto chave de Logan: ele estava aterrorizado com a possibilidade de ter intimidade. Em todas as suas formas, porque isso sempre lhe trouxe dor. É como ele diz no filme: "Eu sou péssimo nisso. Coisas ruins acontecem com as pessoas com quem me importo". Então, o Logan preferiria não se conectar. Conexão, família, lealdade, sacrifício, todas essas coisas são muito difíceis para ele. E eu acho que o mesmo se aplica a nós, em diferentes níveis, sabe? Às vezes, é fácil desligar. Eu não me importo que você veja as partes boas, mas não quero te mostrar as partes das quais tenho vergonha, ou as partes que me deixam constrangido ou as minhas falhas. Porque eu prefiro manter essas só para mim.
Logan é uma despedida para você e para Patrick Stewart de seus personagens. O que você aprendeu com Wolverine ao longo destes 17 anos interpretando-o?
Eu admiro muito esse personagem e quando eu vi o filme (Logan), particularmente agora, amei o Logan. Para ele existe lealdade, tem senso de justiça, por mais que queira aparecer relutante, como um anti-herói, e contra as coisas – sim, Logan as questiona –, continua na sua "própria batida". Ele não se faz de bonzinho.
As pessoas costumam ver os X-Men como um símbolo de tolerância. O que você acha que a nova geração pode aprender com esse novo filme da franquia?
Eu acho que esse filme, de muitas formas, trata de família e tolerância, mas, na real, nós temos uma pequena história sobre conexão e como é frustrante, difícil e, às vezes, até perigoso tentar viver com outras pessoas. E acho que é isso que me orgulha nesse filme. Não é, necessariamente, fácil.