Coincidência ou não, Scarlett Johansson interpretou nos últimos tempos vários personagens cuja identidade e essência humanas estão em questão: a espécie de vampira alienígena em Sob a Pele (2013), a envolvente voz desprovida de corpo de Ela (2013), a garota que se torna sobrenatural graças a uma overdose em Lucy (2014). Agora, no futurista A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, a bela atriz americana encarna uma mulher da qual só restou o cérebro – todo o resto foi reconstruído artificialmente por uma empresa cujas pesquisas têm objetivos escusos.
A aventura de ficção científica entrou em cartaz nesta semana precedida de polêmica quanto ao tema da representatividade: inspirado na série de mangá escrita e ilustrada por Masamune Shirow a partir de 1989 e na animação dirigida em 1995 por Mamoru Oshii, ambos japoneses, Ghost in the Shell provocou a revolta de legiões de fãs, que fizeram uma petição online com mais de 100 mil assinaturas contra a escalação de uma atriz não-oriental para o papel da perigosa e sensual protagonista.
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Na adaptação dirigida por Rupert Sanders, a história se passa em 2029, em uma cidade que parece uma mistura de Tóquio e Hong Kong – mas que remete à noturna e high tech Los Angeles de Blade Runner (1982), com suas luzes coloridas e seus gigantescos anúncios de hologramas. Um dos mais rentáveis negócios nesse mundo é a criação de próteses sofisticadas e o aperfeiçoamento das capacidades físicas e sensoriais humanas com inserções tecnológicas.
A menina dos olhos dessa linha de pesquisas, desenvolvida por cientistas liderados pela Dra. Ouelet (Juliette Binoche), é a Major Mira Killian (Scarlett), que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente construído pela Hanka Corporation, transformando-a em uma eficaz combatente. Considerada o futuro da empresa, a personagem é escalada para lutar contra o crime em um departamento da polícia local, sob o comando de Aramaki (o ator e cineasta japonês Takeshi Kitano) e tendo o grandalhão Batou (Pilou Asbaek) como parceiro. Durante a investigação sobre uma série de assassinatos de executivos da poderosa corporação, a Major começa a perceber falhas em sua programação que a fazem ter vislumbres do passado, quando era inteiramente humana – levando-a a indagar sobre sua origem e seu real papel dentro do sistema que defende com implacável competência e dedicação.
A Vigilante do amanhã
De Rupert Sandres
Ficção científica, EUA, 2017.
Cotação: bom