Foi por pouco – 13 minutos, mais precisamente. No dia 8 de novembro de 1939, Adolf Hitler saiu antecipadamente de um evento em Munique, instantes antes da explosão de uma bomba cujo alvo era o líder nazista. O autor do atentado era um jovem carpinteiro de Königsbronn, na Suábia, que teria agido sozinho, construindo um engenhoso artefato com um detonador de dois relógios, instalado por ele dois dias antes na coluna atrás do púlpito onde o ditador alemão discursaria. A história do homem que poderia ter evitado a II Guerra Mundial e alterado o destino do mundo é contada em 13 minutos (2015), filme dirigido por Oliver Hirschbiegel – realizador alemão do ótimo A queda! As últimas horas de Hitler (2004).
Depois de rodar em Hollywood títulos como o thriller de ficção científica Invasores (2007), com Nicole Kidman e Daniel Craig, e Diana (2013), cinebiografia da Princesa Diana, Hirschbiegel voltou em 13 minutos a filmar na Alemanha. Exibido fora de competição no 65º Festival de Berlim, o drama em cartaz na Capital começa mostrando Georg Elser (vivido pelo ator Christian Friedel, do premiado A fita branca) armando a bomba que acabaria matando oito pessoas. Enquanto Hitler faz seu discurso anual para a velha guarda do Partido Nacional Socialista – em lembrança a sua tentativa de golpe em 1923 –, Elser é preso no lago de Constança, na fronteira com a Suíça. Interrogado em Berlim por Arthur Nebe (Burghart Klaussner, também de A fita branca e de Adeus, Lenin!), chefe da Polícia Criminal, e Heinrich Müller (Johann von Bülow, de Labirinto de mentiras), chefe da Gestapo, o prisioneiro nega, a princípio, a autoria da ação; no entanto, depois que sua família e sua ex-amante Elsa (Katharina Schüttler) são ameaçados, Georg começa a colaborar com seus algozes. Ex-integrante da Frente Vermelha de Lutadores, organização militante afiliada ao partido comunista alemão, o detento não consegue convencer os nazistas de que não teve a ajuda de ninguém para conceber a ação e montar o explosivo – Hitler exige que Nebe e Müller descubram os nomes dos supostos cúmplices.
História antecede atentado retratado em "operação valquíria"
As cenas na prisão são intercaladas com flashbacks mostrando Georg em sua cidade natal, cujo cotidiano de seus cidadãos vai sendo gradualmente controlado pelos seguidores nazistas e sua ideologia. Ao mesmo tempo, o filme mostra a evolução do romance entre o protagonista e Elsa, mulher casada com outro homem e mãe de meninas. O roteiro de 13 minutos, escrito por Fred Breinersdorfer e Léonie-Claire Breinersdorfer, pai e filha, ressalta o caráter libertário e solidário de Georg Elser, que teria planejado o atentado por intuir que as ideias totalitárias e as ações beligerantes de Hitler acabariam causando a ruína da Alemanha.
Diferentemente de Operação Valquíria (2008), filme sobre a igualmente fracassada tentativa de eliminar Hitler em julho de 1944, planejada por oficiais alemães de alta patente e perpetrada por um coronel de ascendência aristocrata, 13 minutos é o elogio da inconformidade de um homem comum diante do despotismo do poder.
13 minutos
De Oliver Hirschbiegel
Drama, Alemanha, 2015, 114min.
Em cartaz no Cinespaço Wallig e no Guion Center.
Cotação: 3/5