Em uma cerimônia emocionante, com lágrimas, Tony Ramos recebeu o Troféu Cidade de Gramado neste sábado, no Palácio dos Festivais. Durante seu discurso, ele ressaltou sua flexibilidade para atuar em diferentes meios e não ter medo de ser popular.
– Um ator jamais deve ter uma olhar blasé de “eu pertenço a tal lugar”. Não O ator pertence ao seu ofício, às boas histórias – disse Tony, que lembrou ter trabalhado até em circo.
– Eu sempre quis ter esse sucesso, trabalhei para isso – argumentou.
Em vídeo, Tony recebeu depoimentos de ex-colegas, como Carla Camurati, Daniel Filho, Flávio Tambellini e Dan Stulbach – este último, parceiro na premiada peça Novas diretrizes em tempos de paz, foi às lágrimas.
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Sem conter a emoção, o ator de 68 anos refletiu:
– É assim que imaginei minha vida, com minha casa, minha companheira, minha família e sem preconceito nenhum.
Com o prêmio em mãos, após tê-lo recebido do prefeito de Gramado, Nestor Tissot, tratou de ser carinhoso:
– Troféu como este a gente tem que ninar, porque representa o povo. Foi o povo do lado que recebeu Tony Ramos calorosamente, nos gradis do tapete vermelho.
Um carro deixou o ator em uma ponta da Rua Coberta, no início do tapete. No trajeto até o Palácio dos Festivais, ele pode rever sua trajetória em cenas projetadas em televisores pelo caminho, além de ser ovacionado pelo público que gritava “Tony” insistentemente.
O Troféu Cidade de Gramado, tributo do município dedicado aos profissionais do cinema, não é o seu primeiro prêmio no Festival. Ele já foi laureado no ano de 2001, com o Kikito de melhor ator por sua atuação no filme Bufo & Spallanzani.
Ator brasileiro
Meses antes, ao ser notificado da possibilidade de receber o troféu, ele estava ressabiado:
– Eu levei um susto: me convidar? Por quê?
A desconfiança passou quando Edson Pimentel, diretor executivo da Globo Filmes que lhe fez o convite, começou a citar as dezenas de filmes e novelas e 128 personagens em mais de 50 anos de carreira. Tony confessa ter lacrimejado no telefone. Independente do meio – TV, cinema ou teatro –, ele afirma que se considera, acima de tudo um ator brasileiro.
– Não consigo ver a diferença como ator. Para mim não há turma do cinema, do teatro ou da novela: só um bom trabalho com uma boa história. Nunca me considerei um ator de TV, mas sim um ator brasileiro, que vai fazer novela, circo ou cinema de arte – declarou o artista em entrevista coletiva realizada no Museu do Festival de Cinema de Gramado.
Para Tony, a atuação é como um “serviço”: trabalha e volta para a casa, para a companhia de sua esposa e seus dois cachorros. Uma função cuja sua agenda está ocupada até maio de 2017. Seu filme mais recente, Quase memória, está sendo exibido em festivais. Baseado no livro de Carlos Heitor Cony, o longa tem direção de Ruy Guerra.
– Não é um filme blockbuster, mas pode surpreender no boca a boca porque trata do afeto com a memória – explica Tony.
Em julho, ele estreou um programa um programa de entrevistas no Canal Brasil.
– Imagina aos 68 anos ainda receber convites. Talvez tenha que diminuir no futuro – conta o ator, que só vai tirar folga na próxima terça-feira.
Logo após receber a homenagem, ele parte no dia seguinte para São Paulo, onde está gravando a série Vade-Retro, de Fernanda Young e Alexandre Machado, que estreia no ano que vem na Globo. Ainda há muito serviço pela frente para Tony.