“Deixo como legado: meu amor pela liberdade e pela verdade; meu ódio à mentira e à tirania” — Giuseppe Garibaldi. Testamento Político, 1871.
O texto a seguir é uma colaboração de Elma Sant’Ana, presidente do Instituto Anita Garibaldi. Elma, que no ano passado esteve na Sardenha, Itália, para as homenagens aos 137 anos da morte do Herói de Dois Mundos, concluiu, recentemente, o livro O Seival e a Odisseia de Garibaldi no Capivari, que logo será lançado.
Em 2 de Junho de 1882, às 18h22min em sua Ilha de Caprera, na Sardenha, morreu, aos 75 anos, Giuseppe Garibaldi, considerado um dos maiores mestres da história da estratégia militar revolucionária. Morreu o homem que lutou ao lado dos Farrapos, o homem que se uniu a uma brasileira, a lagunense Ana Maria de Jesus Ribeiro, com quem teve quatro filhos na nossa América: três uruguaios, Teresita, Rosita e Ricciotti, e o brasileiro Menotti Garibaldi.
Seus restos mortais foram enterrados num sarcófago de rocha natural, acima do solo, onde continuam até hoje. “O seu túmulo em Caprera é de uma singeleza tocante: um imenso bloco de pedra tosca, sem um ornato”, disse o grande poeta brasileiro Olavo Bilac.
“Em seus pronunciamentos e escritos políticos, externou pensamentos que o situavam cem anos à frente da maioria de seus contemporâneos”, registrou Wolfgang Ludwig Rau (in memorian), suíço naturalizado brasileiro, que vivia em Santa Catarina, o maior biógrafo de Anita Garibaldi. O carisma pessoal de Giuseppe Garibaldi (nascido em 1807) perpetua-se além de sua morte física: milhares de indivíduos, isoladamente ou em agremiações, pelo mundo afora, movidos por afinidades e identidades de conceitos filosóficos que renascem em novas gerações, continuam hoje a cultivar as tradições garibaldinas.
Catalisador de seu povo no século 19, representa, ainda hoje, um dos fermentos da humanidade progressista, positivista e cosmopolita. Suas ideias e colocações políticas e filosóficas comprovam, na prática, o acerto de suas sugestões previdentes: José Garibaldi, maçom, valoroso imortal da história da civilização. Seu nome tornou-se uma lenda mundial, talvez a maior de sua época. Não fora apenas um herói nacional: em seu povo, ele amara a humanidade.