A vida de Giuseppe Maria Garibaldi pode ser resumida em estratégicas aventuras e feitos heroicos, tanto no sul do Brasil como na Itália. Por isso, é considerado o herói de dois mundos. Um dos pontos altos de sua carreira de combatente aconteceu na região do Litoral Norte, durante a Revolução Farroupilha. Como comandante da Marinha Rio-Grandense, recebeu a missão de tomar Laguna, em Santa Catarina, e lá estabelecer um porto, já que a cidade de Rio Grande estava em poder das forças imperiais.
Encontrando-se na Lagoa dos Patos e sem saída para o Atlântico, Garibaldi ingressa no Rio Capivari, rumo à barra do Rio Tramandaí. Mas, para lá chegar, tinha de vencer uma distância de 60 quilômetros por terra, atravessando campos e banhados. A solução foi construir duas grandes e reforçadas carretas, em cima das quais transportou, puxadas por uma centena de bois, seus dois famosos lanchões, o Seival e o Farroupilha.
Foi uma façanha nunca vista e que surpreendeu os adversários. Só a primeira lancha chegou a Laguna, a segunda, a Farroupilha, comandada por Garibaldi, naufragou numa tempestade, perto de Araranguá, com muitas mortes, mas o herói italiano salvou-se e conseguiu conquistar a cidade catarinense e nela estabelecer um importante porto, embora por pouco tempo.
A bibliografia sobre a vida de Garibaldi e seu papel na Revolução Farroupilha é enorme, fala-se em 20 mil trabalhos. Só o episódio dos lanchões mereceu uma aprofundada pesquisa da estudiosa Elma Sant'Ana, junto com André Sant'Ana Stolaruck, publicada no livro A Odisseia de Garibaldi no Capivari (AGE Editora, 2002).
Há muitas estátuas, bustos e nomes de logradouros públicos no Rio Grande do Sul em homenagem a Giuseppe Garibaldi, mas o registro que lembra especificamente a travessia está num modesto e malcuidado marco de cimento na ponte que liga Tramandaí a Imbé.
A placa de bronze (acima), hoje quase ilegível, refere-se à passagem dos lanchões naquele local e foi feita em 1989, nas comemorações dos 150 anos desse feito histórico.