Foi com um simpático "Ayubowan" ("que você tenha vida longa", em cingalês) e um belo colar de orquídeas naturais que fomos recebidos no aeroporto de Colombo, capital do Sri Lanka. Inicialmente, nosso roteiro incluía o Nepal, mas, por conta do terremoto que assolou o país em abril de 2015, decidimos conhecer essa ilha do Índico (menor do que o Estado de Santa Catarina), antigo Ceilão, que já foi rota das especiarias e onde ainda hoje se produz o melhor chá do mundo. Sem contar que o clima quente e úmido faz do lugar um verdadeiro jardim botânico.
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Nossa primeira parada foi em Negombo, cidade litorânea tranquila, ideal para passar um tempo descontraído na praia, passear de barcos a vela e ver as inúmeras lojas do belo artesanato cingalês. Visitamos um orfanato de elefantes que, diariamente, são levados para banhar-se no Rio Maha, cruzando a principal rua da cidade e fazendo a alegria dos turistas. Na volta, é possível alimentá-los e conhecer um pouco mais da vida desses gigantes.
Em Kandy, outra importante cidade da ilha, está o magnífico Sri Dalada Maligawa, templo que é Patrimônio da Unesco e um dos locais mais sagrados do mundo budista, por guardar um sacrário com um dente de Sidarta Gautama, o Buda. Vale lembrar que o budismo constitui a fé religiosa de 70% dos cingaleses, seguida pelo hinduísmo. Duas vezes ao dia, longas filas de peregrinos se formam nesse templo para oferecer a Buda lindos arranjos de flores de lótus. Foi emocionante acompanhar essa demonstração de fé e respeito. Nesse ponto, fique atento: para entrar em um templo budista, é necessário tirar o calçado e cobrir pernas e braços. Não é permitido fotografar no interior, e quem desejar tirar fotos junto às estátuas da parte externa não deve posar de costas para Buda, o que é considerado uma falta grave.
Ainda em Kandy, visitamos o Jardim Botânico Real de Peradeniya, com as plantas que fizeram da ilha um dos pontos mais importantes da Rota das Especiarias. Conhecemos, também, uma plantação e uma fábrica de chá, onde tivemos a oportunidade de provar diversos sabores e comprar alguns para levar para casa. Passear ao redor do belo lago em frente ao templo, andar de tuc-tuc (mini-táxi), visitar mercados de artesanato e assistir à apresentação de danças folclóricas são ótimas dicas para conhecer um pouco mais de Kandy.
Em Dambulla, estão o Golden Temple e o Templo das Cavernas, Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A construção, encravada na rocha, fascina pelas paredes e pelos tetos ricamente adornados, além de centenas de estátuas de Buda. No caminho, muitos degraus, muitos macacos e alguns monges dando um colorido todo especial ao lugar.
Subindo o leão
Outra atividade interessante no Sri Lanka é fazer um safári junto ao Parque Nacional de Kawudulla, para ver elefantes selvagens. Em Habarana, estava o nosso grande desafio: subir a Fortaleza de Sigiriya, com seus 1,2 mil degraus até a antiga capital construída no século 5, que ficava no topo desse paredão e de onde se tem uma das mais belas vistas do vale. Originalmente, foi construída na forma de um leão agachado, mas apenas as grandes patas esculpidas estão preservadas.
Depois de tanto exercício, experimentamos a autêntica comida cingalesa em uma vila tradicional. Ali, acompanhamos todo o preparativo do almoço: descascar o arroz, quebrar o coco com perfeição em duas partes iguais, ralar, preparar o peixe, a abóbora, a mandioca, os vegetais e temperar com muita, mas muita pimenta, curry e outros condimentos. Tudo preparado em fogo à lenha e servido em cestinhos de palha sobre uma folha da flor de lótus. Foi preciso beber muita água, mas valeu a experiência. Andar de carro de boi e de elefante também fez parte do programa – e com muita emoção.
Em Polonnaruwa, estivemos em outra atração classificada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A cidade se destaca pelas dimensões impressionantes, bem como pela forma particular como se integra à natureza. Suas ruínas, com cerca de mil anos, estão em notável estado de conservação. Já em Gal Vihara, quatro grandes e diferentes esculturas de Buda, feitas em uma única pedra de granito, são o expoente máximo da arte cingalesa.
Foi um tour completo pela ilha vendo lugares surpreendentes e interagindo com seu povo alegre e receptivo – sem dúvida, seu maior patrimônio. Passados os conflitos internos, a "Pérola do Oceano Índico" vive uma fase de paz e prosperidade, com alto potencial turístico. E foi com um já saudoso "stuutiyi" ("obrigado", em cingalês) que nos despedimos e agradecemos tão calorosa acolhida.