Um relatório divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que não houve melhoria nos preconceitos contra mulheres em uma década. No Brasil, 84,5% das pessoas dizem ter pelo menos um tipo de crença contra as mulheres. O estudo contempla quatro dimensões sobre preconceito de gênero: integridade física, educacional, política e econômica.
Chegou a 39,91% o número de brasileiros admitindo preconceito político, que se manifesta no levantamento respondendo a "homens são melhores líderes políticos que mulheres" e "mulheres terem o mesmo direito que os homens é essencial para a democracia". A pesquisa também analisou, na integridade física, pontos como decisão de querer ou não filhos e violência íntima. Há preconceito confirmado, neste tópico, entre 75,5% dos homens e 75,7% das mulheres.
No aspecto econômico, que avalia a percepção de que homens teriam mais direito ao trabalho do que mulheres ou que fazem melhores negócios, a discriminação foi identificada entre 31% dos respondentes no Brasil. Em educação, por sua vez, 9,59% dos brasileiros concordam com a afirmativa que a universidade é mais importante para homem do que para a mulher.
— Normas sociais que prejudicam os direitos das mulheres também são prejudiciais para a sociedade de forma mais ampla, prejudicando a expansão do desenvolvimento humano — afirma o chefe do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD global, Pedro Conceição.
O relatório mostra que as crenças criam obstáculos para as mulheres, e as normas sociais se refletem em menor representação nos cargos de liderança. O levantamento também destaca uma desconexão entre o progresso das mulheres na educação e no empoderamento econômico. Embora o estudo aponte que os níveis de educação nunca foram tão altos, a diferença média de renda entre os gêneros permanece em 39% a favor dos homens.
Além disso, o relatório recomenda abordar diretamente as normas sociais por meio da educação para mudar as visões das pessoas, políticas e mudanças legais que reconheçam os direitos das mulheres em todas as esferas da vida e uma maior representação das mulheres em processos de tomada de decisão e políticas.