Um cãozinho pode fazer muito estrago. Que o diga Patrícia Rodrigues Barros, que se surpreendeu com a destruição de um colchão e de um controle remoto ao deixar o cachorro Chico por algumas horas sem nenhum ser humano por perto — o vira-lata de oito meses se tornou uma celebridade na internet na quinta-feira (18), depois que sua dona postou um vídeo nas redes sociais.
Para o adestrador Tiago Pacheco Cardoso, da rede Cão Cidadão, estragos como esse podem ser evitados. Se você pretende adotar um amigo canino, mas não colocar à prova seu potencial demoníaco, confira algumas dicas que Cardoso compartilhou com GaúchaZH:
1. Não dobre seu problema
Chico teria sido adotado para fazer companhia a outro cãozinho de Patrícia. Juntos, os dois brincariam e gastariam energia, tendo menos ansiedade e disposição para estragar objetos da casa. O plano não deu certo, como é possível ver no vídeo viralizado nas redes. Segundo Cardoso, esse é um erro corriqueiro dos donos:
— Às vezes, a pessoa tem um cachorrinho muito agitado, aí pega outro para brincar. Mas, em vez de ganhar uma resolução, ela apenas ganha mais um problema. Se há uma dificuldade com o cão que a pessoa já tem em casa, é preciso resolvê-la. Só depois disso, se for o desejo do dono, ele pode pensar em pegar outro animal.
2. Enriquecimento ambiental
Se o cão permanece muito tempo sozinho em uma casa ou um apartamento, a solução para que ele não ataque um colchão ou um controle remoto não está em adotar outro cachorro, mas em oferecer um ambiente com mais alternativas para o bichinho brincar.
— Se eu tivesse que dar apenas uma dica para evitar casos como o do Chico, diria que é preciso ter enriquecimento ambiental. Isso significa oferecer atividades para o cachorro, estando ou não o dono em casa — explica o adestrador.
O enriquecimento ambiental pode ser alcançado por meio da criação de brinquedos com uma comida ou um petisco dentro. E não é preciso gastar muito, afirma Cardoso:
— É possível usar lixo reciclável, rolinhos de papel, caixinhas diversas, botar um petisquinho dentro e deixar o cão descobrir como tirá-lo de lá. Esse tipo de brinquedo exige energia física do animal, mas também mental.
3. Passeios
A frequência e a intensidade dos passeios vai depender do porte e da energia do animal. Mas Cardoso esclarece um ponto importante sobre o tema: quando o assunto é passeio, é preciso ter em mente a qualidade das caminhadas, não apenas a quantidade. Os cães precisam interagir como outros animais de sua espécie e com pessoas, experimentar diferentes cheiros e ambientes.
— Não adiante passear por uma hora correndo. Isso vai dar condicionamento físico para o animal, é claro, mas apenas isso. Um roteiro de meia hora, em que ele possa ver mais animais e pessoas, é geralmente uma experiência mais rica. Ao lidar com diferentes ambientes e cheiros, o cão é estimulado mentalmente. E o cansaço mental é o que deixa o animal mais tranquilo por mais tempo — esclarece.
4. Escolha a raça certa
A escolha de cães para compra também é suscetível a modas. Porém, o cão mais desejado do momento jamais será ideal para todos os tipos de ambientes e todos os perfis de dono.
— O border collie ficou muito conhecido por sua inteligência nos últimos anos. No entanto, para criar um filhote desses, é bom ter muito espaço e tempo disponíveis. Como tem muita energia e inteligência, vai passar o tempo inteiro que estiver sozinho inventando modos de aprontar — afirma o adestrador.
Ou seja, se a opção for pela compra de um animal, procure informação sobre as raças, especialmente em instituições de referência, como o Kennel Clube.
5. Não pense só em filhotes
A fase mais destruidora dos cães é até seus oito meses. Por conta da nova dentição, o animal vai procurar roer o que vier pela frente — colchões e controles remotos são vítimas corriqueiras dos jovens dentinhos. Mas é possível adotar animais com a idade mais adiantada, por meio de ongs como a Patas Dadas.
— Depois de um ano meio, o animal já tem o porte definido, ou seja, se for um cão sem ração definida, já é possível saber o tamanho e o temperamento dele. Isso é muito positivo para quem quer adotar — afirma Cardoso.
E o fato de ser mais velho não é um impeditivo para brincar e aprender truques.
— Comecei a treinar a Cristal, minha cachorra, quando ela já tinha quatro anos. Hoje, ela atende a 35 comandos. E também já atendi cachorros mais velhos, de 10 a 12 anos, e todos se mostraram capazes de aprender.