Seguindo a tradição religiosa que se repete anualmente, milhares de pessoas caminham, desde o início da manhã desta sexta-feira (19), na Região Metropolitana de Porto Alegre rumo ao túmulo de Padre Reus, localizado em São Leopoldo, no Vale do Sinos. No local, há o Santuário Sagrado Coração de Jesus, onde os fiéis se reúnem e participam de atividades religiosas desde quinta-feira (18) até o domingo de Páscoa (21).
Rodrigo Cardoso Pereira, 32 anos, faz a caminhada há 17 anos. Desta vez, está em um grupo de 54 pessoas. Ele chegou ao santuário depois de quatro horas e meia de caminhada.
— A gente tem ele como um santo devoto, mesmo que não tenha sido santificado. Pedimos muitas graças e alcançamos, principalmente meu pai: uma vez ele teve meningite, a gente pediu e ele se recuperou. Outra vez, ele sofreu um acidente de carro. Os médicos o deram como morto. A gente pediu com fé e Padre Reus atendeu — conta Pereira, ao lado de dois conhecidos de Cachoeirinha, Luciano Schutz e Alexandre Marques Gonçalves.
Estreante, Gonçalves foi convidado pelo grupo e se diz satisfeito após a longa caminhada.
— É um sentimento de completar a prova, de satisfação. Só vim agradecer tudo que eu consegui até hoje — diz Gonçalves, de 39 anos.
Teresinha da Silva, de 64 anos, colhe macela há mais de 20 anos para vender aos fiéis. O chá da erva é outra tradição da Sexta-Feira Santa no Estado.
— Eu peguei lá na Colina Verde, em Sapucaia. Ali tem bastante, mas anda difícil de achar. Está terminando — relata Teresinha.
O padre alemão Johann Baptist Reus (1868–1947) chegou ao Rio Grande do Sul em 1900 e é popularmente conhecido como santo, ainda que não tenha a condição reconhecida pela Igreja Católica.