O Dia Internacional da Mulher das policiais militares gaúchas foi marcado por comemorações e solidariedade. Na manhã desta sexta-feira (8), um grupo de cem mulheres, que representaram o efetivo da Brigada Militar (BM), participou de uma ação de corte e doação de cabelos para instituições como Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (AAPECAN) e Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama). Depois, foram brindadas com um passeio pelo Guaíba a bordo do barco Cisne Branco.
Batizada de "Cabelos de Aço das Brigadianas", a iniciativa foi inspirada em Mayara Greiner, oito anos, filha da soldado Aylem Greiner, de Osório. Em 2018, a pequena, que cultivava madeixas dignas de Rapunzel, propôs para a mãe o "tesouraço" em prol das crianças carecas. A ideia surgiu depois que ela assistiu a alguns vídeos no YouTube que mostravam os pacientes da doença.
— Ela disse que queria ajudar as pessoas assim como eu ajudo — relembra Aylem, que também cortou os fios na sexta-feira passada (1º) e virou "garota-propaganda" da iniciativa.
— Foi um ato de coração, é muito gratificante ajudar as pessoas. Faz parte da nossa missão servir, proteger e de alguma forma ajudar o próximo — avalia.
Nesta manhã, às margens do Guaíba, outras quatro policiais foram voluntárias para cortar e doar parte dos cabelos enquanto a coronel Ana Haas enaltecia a atitude que definiu como "doar uma parte de si". Para Ana, que carrega o título de primeira mulher a chegar a este posto na BM, o trabalho feito pelas policiais femininas é parte fundamental da construção da instituição.
— A sensibilidade da mulher ajudou a moldar a BM de hoje. Parabéns a nós: sensíveis e de fibra — disse a coronel, parte da primeira turma de mulheres a ingressar na corporação, em 1986.
Samba, trenzinho e selfies a bordo do barco
As unhas claras, os brincos delicados e o rímel nos cílios amenizam um pouco o peso da farda, do colete preto e do distintivo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da soldado Bruna Capassa Agnoletto, uma das voluntárias que cortou parte dos fios hoje. Para ela, a decisão de retirar um pedaço dos fios não foi tão simples, mas quando se colocou no lugar das pacientes com câncer, não titubeou.
— Sempre tive apego porque sempre tive ele comprido. Não foi fácil decidir. Mas conversei com uma colega que me expôs situações que me fizeram pensar: "E se eu perdesse todo ele?". Não tem por que não cortar um pouco para ajudá-las, fazê-las se sentirem mais bonitas. Isso não tem preço.
A psicóloga Fernanda Aver Pupe, da AAPECAN, confirma que um dos piores momentos enfrentados pelas pacientes com a doença é a perda dos fios. Segundo ela, isso é, em muitos casos, muito mais doloroso do que ouvir o diagnóstico em si:
— Isso fere a autoestima delas. O cabelo tem um significado muito grande de feminilidade e ao doar o cabelo, as brigadianas se solidarizam com as pacientes, ajudando a se sentirem mais femininas. Essa atitude tem muita representatividade.
Depois do ato que marcou o lançamento da campanha – a ideia é estimular novas doadoras em todo o Estado –, as brigadianas foram presenteadas com um tour pelo Guaíba ao som da banda da BM. De marchinhas de Carnaval a músicas pop, os ritmos embalaram a turma, que mostrou que tem samba no pé e animação de sobra. Elas dançaram, fizeram "trenzinho" e não perderam a oportunidade de fazer fotos com as colegas ou selfies.