A última quarta-feira foi de ansiedade, mas de muita felicidade para Caroline Marson Dal Más, 19 anos. Sabendo que neste dia as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seriam divulgadas, a estudante de Veranópolis ligou o computador ao meio-dia para conferir como tinha sido sua classificação. Por instabilidade no site, certamente em função do número de estudantes acessando a mesma página, ela só conseguiu ver sua nota por volta das 22h30min. Mas a demora valeu a pena: Caroline tirou 1000 na redação do Enem. O feito da jovem é algo para ser comemorado mesmo, já que ela é uma dos 77 estudantes que foram avaliados com nota máxima entre mais de 6 milhões que fizeram a prova no país. O número de redações nota 1000 equivale, então, a 0,001% dos que fizeram a prova.
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Carol se orgulha do seu desempenho, mas afirma que se esforçou muito para consegui-lo. Conta que escrever redações nunca foi o que mais amou na escola, mas que sempre soube da importância de um texto bem escrito. A jovem pretende cursar a concorrida Medicina, por isso dedicou anos em busca de boas argumentações. Esse foi o terceiro ano que ela participou do Enem. Nas últimas edições, tirou 880 e 920 na redação, respectivamente.
– Treino muito meu texto, sempre com incentivo dos professores. Cheguei, por várias vezes, a fazer três redações em uma semana. Sabia que a persistência me levaria a um bom lugar – diz a jovem.
Nos últimos dois anos, Carol fez curso de pré-vestibular em Porto Alegre, e o estudo ocupava boa parte da sua rotina. Ela ia para as aulas de manhã e preenchia as tardes lendo livros, escrevendo e insistindo no aprendizado de regras gramaticais. Obras de Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade se revezavam na cabeceira.
– Tem quem acha que fazer redação é fácil, que é só sair escrevendo. Não é assim, ainda mais nessas provas de concurso. Me preparei, estudei argumentação, sabia que teria que dar exemplos, ser convincente. Quando li a prova e vi sobre o que eu precisaria escrever, fiz um esboço antes, joguei ideias no papel para depois criar o texto final – conta a jovem, que precisou argumentar sobre Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.
Agora aguardando a abertura da inscrição para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), prevista para a próxima semana, Carol divide seu tempo brincando com as irmãs Vitória, três, e Maria Cecília, um. Orgulho da mãe Elisa e do padrasto Dirceu, já sonha em começar a estudar anatomia e outras matérias da Medicina. Ainda não sabe se quer ser dermato ou cardiologista, mas sabe que deverá continuar se esforçando em busca de boas avaliações.
– Ela não larga os livros e sempre foi um exemplo. Os professores sempre incentivaram e se orgulham dela, assim como nós – diz a mãe, que é só sorrisos.
Disciplina e persistência são o segredo, aponta professora
Cristiane Zanette foi professora de redação e língua portuguesa de Caroline no colégio Regina Coeli e está toda orgulhosa do resultado. A docente destaca a dedicação de Carol nos estudos.
– Há tempos sabemos da importância da redação, não somente do Enem. Todo concurso vestibular tem prova de redação, então saber escrever um bom texto fará com que os alunos atinjam um resultado de excelência. A Carol soube disso desde o início – conta.
O segredo para uma boa avaliação, segundo Cristiane, é começar a treinar o texto o quanto antes, ainda nas séries iniciais. O trabalho com as outras disciplinas, como matemática e história, por exemplo, também são fundamentais:
– A prova de redação é muito parecida com uma prova de matemática, lógica pura. Você precisa encadear as ideias, os argumentos, os exemplos, as citações.