Orgulhoso, Nilson Souza Carvalho, 91 anos, apresentou-se à reportagem na entrada do restaurante, ao meio-dia deste domingo:
– Eu sou o noivo!
O economista acabava de chegar para o almoço comemorativo aos 70 anos de casamento com a dona de casa Maria Guglielmi Carvalho, 90 anos, no Clube do Comércio, bairro Menino Deus, em Porto Alegre. A celebração das bodas de vinho, feito incomum, reuniu cerca de 50 familiares e amigos. Um pôster com uma foto dos noivos no dia da cerimônia, em 1946, decorava o ambiente. "O vinho, dizem, com o tempo, melhor e mais valioso se torna. E o que dizer do amor, a mais intensa e profunda relação humana?", lia-se no convite.
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Nilson e Maria se conheceram em uma festa, em Tupanciretã, durante um período de férias. Chamaram a atenção do rapaz de 18 anos a beleza e a simpatia da moça de 17.
– Iniciamos um namorico. Depois de um ano e meio, ficamos noivos. Mais um ano e meio, chegou o nosso grande dia – recorda ele.
O casal, que mora em um apartamento no bairro Santana, na Capital, teve um filho, já falecido, e dois netos. Uma enfermeira auxilia nos cuidados com Maria, que se locomove em cadeira de rodas. Para o marido, amizade, dedicação e respeito têm sido os ingredientes essenciais da união bem-sucedida.
– À medida que o tempo foi passando, fomos ficando cada vez mais amigos, mais felizes. Foi um mar de rosas. As pequenas dificuldades foram vencidas – conta Nilson. – Setenta anos decorreram muito rápido – acrescenta.
Pela manhã, na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, mesmo local onde se realizou o casamento, o padre Márcio Andrade da Silva deu uma bênção especial a Nilson e Maria e pediu uma salva de palmas dos presentes ao concluir a missa das 10h. O religioso saudou o exemplo positivo representado pelo relacionamento tão duradouro.
– Penso que hoje a gente vive relações muito descartáveis. Aquela descartabilidade dos objetos passou para as pessoas – disse Márcio a ZH.
Nilson e Maria renovaram os votos com festa em outras quatro ocasiões: ao completar 25, 50, 60 e 65 anos de matrimônio. A próxima comemoração, prevê o economista, será em 2021, data das chamadas bodas de brilhante ou alabastro.