O primeiro caso envolvendo a bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), multirresistente a antibióticos, foi registrado nos Estados Unidos em 1996. A causadora de infecções generalizadas que podem levar à morte chegou a São Paulo em 2005. Quatro anos depois, seis Estados brasileiros já haviam notificado a presença delas em hospitais – dentre eles Santa Catarina, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em unidades no Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis.
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Proliferação
Tanto a origem, quanto a proliferação desses tipos de agentes infecciosos está na seleção. Quando se utilizam antibióticos em ambientes hospitalares ou asilos – espaços onde os surtos acontecem mais facilmente –, a maioria das bactérias é eliminada, mas podem restar as resistentes. Conforme o médico infectologista vinculado à UFSC Osvaldo Vitorino Oliveira, existem pelo menos quatro mecanismos de defesa desenvolvidos pelas bactérias imunes à maioria dos medicamentos: mudança de local onde o antibiótico se liga à bactéria, expulsão do antibiótico por mecanismo químico, modificação da permeabilidade da membrana de superfície para tornar-se mais rugosa, ou seja, de difícil penetração do medicamento, e produção de enzimas específicas que inativam o antibiótico.
Tratamento
O combate às superbactérias é complexo porque elas são resultado de alterações genéticas. O uso indiscriminado de antibióticos, a prescrição deles sem critério e a má administração por parte do paciente agravam esse cenário, principalmente quando ele envolve pessoas debilitadas, crianças ou idosos.
Tipos
KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase): pode causar um quadro de infecção generalizada e levar o paciente infectado à morte. Inicialmente, provoca pneumonia, infecções no sistema urinário e no sangue.
MRSA (variante da Staphylococcus aureus): é uma das mais disseminadas pelo mundo. Causa infecções no sistema respiratório e na pele. Há, ainda, um tipo que ficou conhecido por BR-VRSA, encontrado em paciente internado em 2012 no Hospital de Clínicas de São Paulo.
NDM-1: infecções na pele
Enterecoccus: infecções no sistema urinário e nas válvulas do coração;
Proteus: causadora de infecções no sistema urinário e nos intestinos;
Psudonomas: infecções pulmonares, urinárias e intestinais;
Streptococcus: infecções no sistema respiratório;
Clostridium: infecções nos intestinos;
Acinetobacter baumannii: as infecções envolvem mais o trato respiratório (tubos endotraqueais ou traqueostomia); trato urinário e ferimentos (incluindo os sítios de cateter) que podem progredir para a septicemia. Há relatos de pneumonia nosocomial associado à ventilação em pacientes de UTI;
Escherichia coli (com mutação em um dos genes): infecção intestinal.
Prevenção:
1 - Lavar as mãos com água corrente e sabão antes e depois de entrar em contato com alguém doente. De preferência, usar uma escova para limpar de baixo das unhas. Não se esquecer dos espaços entre os dedos. Ao final, aplicar desinfetante, como o álcool gel;
2 - Tomar antibióticos somente mediante prescrição e acompanhamento médico. Seguir com o tratamento até o fim. Se precisar interromper, é fundamental comunicar o médico;
3 - Profissionais de saúde devem seguir todos os procedimentos de higienização e desinfecção.