Eles não dizem o que estão sentido, dificilmente choram e muito menos conseguem mostrar onde dói. Cães e gatos, assim como seus donos, estão suscetíveis a doenças e complicações. A forma como as expressam, entretanto, é bem diferente da que estamos acostumados. Além de perda de peso, falta de apetite e apatia, outras manifestações sutis podem indicar uma série de problemas.
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Quando um gato falha no seu famoso hábito de limpeza - aquele de lamber todo o corpo -, pode significar que a sua saúde não anda bem. E os cães, quando fazem o engraçado movimento de sentar e arrastar o traseiro no chão, podem estar com inflamações anais ou vermes. Conhecê-los bem e ficar atento a qualquer mudança de comportamento é fundamental para garantir um diagnóstico precoce e evitar o sofrimento dos animais.
- Mudanças na cor da pele, como o amarelamento, por exemplo, são indícios de que o animal pode estar com um problema no fígado. Como são cobertos de pelos, é normalmente na barriga e na parte interna das orelhas que se consegue detectar essa alteração - explica Daniel Gerardi, professor de medicina de cães e gatos da UFRGS.
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A idade e a raça estão entre os principais fatores para a prevalência de diferentes complicações. Enquanto na infância o que mais aparece são viroses e infecções, tanto em gatos como em cachorros, nos adultos e idosos é mais comum o surgimento de tumores e doenças cardíacas, explica a médica veterinária Wanessa Kruguer Gianotti, professora da Faculdade de Veterinária do UniRitter. Especificamente para os gatos adultos, doenças respiratórias e problemas renais são muito comuns. E, assim como em humanos, é difícil resistir às doenças sem perder o bom-humor.
- Normalmente, quando em sofrimento, o animal fica amuado, apático, sem querer realizar atividades. Os gatos se escondem embaixo da cama ou outros móveis. Os cachorros tendem a ficar prostrados. Todos eles costumam, também, perder a fome - resume Gerardi.
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A falta de apetite normalmente aparece quando o animal já está com um quadro intenso de dor ou mal-estar. Por isso, ao invés de esperar a fome voltar, procure o quanto antes uma avaliação profissional.
Diagnóstico rápido facilita recuperação
Para a advogada Lina Reginatto, 38 anos, não foi a perda de apetite, mas sim a diminuição no peso o indicativo de que algo não estava bem com um de seus cachorros. Acostumada com pets dentro de casa desde pequena, ela já sabia que deveria dar mais atenção aos seus dois cachorros mais velhos, uma labrador chamada Luna e uma boxer chamada Tayla, ambas com 12 anos. Entretanto, foi com o cão mais novo, o boxer Buddy, de cinco anos, que o problema apareceu.
- Notei que ele estava comendo normalmente, mas perdendo peso. Não sabia o que poderia ser. Ao apalpar o corpo, percebi uma bola na barriga. O estranho é que ele não sentia dor - conta Lina.
Preocupada, ela levou o animal ao veterinário, que identificou um tumor e indicou o animal para uma cirurgia. Semanas depois, Buddy foi submetido a uma cirurgia para retirada do tumor, na qual iriam identificar, também, se era benigno ou maligno. Foi após o procedimento que o difícil período de recuperação do animal foi amenizado pela alegria do resultado:
- A médica disse que era benigno, e respiramos todos mais aliviados. Como sei que tumores são frequentes nessa raça, sigo de olho em qualquer sinal de nova alteração no Buddy - diz Lina.
Para evitar complicações
- Cuide da higiene do ambiente em que o pet fica. Alguns produtos de limpeza podem causar alergias ou até lesões mais graves
- Filtre e troque a água do seu pet diariamente
- Garanta que o animal tenha acesso ao local aonde faz suas necessidades no mínimo duas vezes ao dia. Longos períodos de privação poderão predispor a doenças.
- Pratique atividades físicas diariamente com o seu animal.
Elas fazem bem para a saúde dele (e a sua).
Os sinais de problemas
Vômito, perda de apetite e diarreia - comuns em cães e gatos, são sinais inespecíficos, que podem indicar desde alterações no trato gástrico, até problemas no fígado, alterações hormonais, entre outros.
Icterícia - mudança na cor da pele e das mucosas dos olhos e boca é um sinal de que o animal pode estar com uma doença em estágio mais avançado no fígado.
Mancar - o gesto é facilmente confundido com problemas nas patas, mas a origem da dor nem sempre está nos membros. Ela pode indicar problemas neurológicos, associados à medula espinhal.
Alterações nas fezes ou urina - É preciso ficar atento à coloração. Se elas mudam sem alteração na alimentação, podem indicar infecções urinárias e problemas gástricos.
Tosse - confundida muitas vezes com um simples engasgo, a tosse pode representar problemas sérios, como doenças respiratórias ou cardíacas.
Coceira no traseiro - ao ver um cachorro arrastando o bumbum no chão e girando, fique de olho, que algo pode estar errado. Esse comportamento, resultado da coceira, pode significar inflamação das glândulas anais, verminoses e outras doenças.
Alteração de peso - tanto o emagrecimento como o ganho de peso devem ser considerados alertas. Eles podem ser resultado de diabetes e câncer, por exemplo.
Queda de pelos - é um processo natural dos animais, mas quando determinadas áreas ficam praticamente sem pelos, pode ser fruto de doenças de pele ou endócrinas.
FONTES: Wanessa Kruguer Gianotti, professora da Faculdade de Veterinária do UniRitter, e Daniel Gerardi, professor de medicina
de cães e gatos da UFRGS.