O silêncio no corredor e nas salas da Escola Estadual de Ensino Fundamental Brigadeiro Eduardo Gomes, no Bairro Anchieta, Zona Norte de Porto Alegre, por vezes até incomoda. Diferente de outras instituições públicas de ensino da Capital, não há crianças correndo pelo pátio, nem remexendo os livros da biblioteca. Faltam alunos.
Os 43 que ainda restam foram agrupados em séries multiseriadas, de 1ª a 5ª, e dividem-se em uma turma no turno da manhã e outras duas, à tarde. Na ânsia por atrair novos estudantes para a escola que completará 50 anos em setembro de 2015, a diretora Rosella Voto da Silva instalou há dois anos uma faixa na frente do prédio informando que há vagas em todas as séries. Mesmo assim, quase nada mudou.
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- Foi uma tentativa de atrair os pais. Ajudou a manter o número de matrículas, mas não foi suficiente para aumentá-lo - conta.
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Atrativos não são suficientes
Por estar localizada no menor bairro da cidade, que tem 147 moradores conforme o Censo do IBGE de 2010, a escola vê a cada ano minguar o número de matriculados. Segundo a comunidade, o problema teria iniciado ainda na década de 1980, com a implantação da linha do trensurb, responsável por separar os bairros Humaitá, onde há mais concentração de moradores, e Anchieta.
- Se uma família tem um filho na 1ª série e outro na 5ª, quando o mais velho troca de escola acaba levando junto o irmão mais novo. Por isso, nunca conseguimos manter as turmas completas - justifica a diretora.
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Desde que assumiu a direção da instituição, há três anos, Rosella buscou uma reaproximação da comunidade local na tentativa de atrair novos alunos. Da parceria com o Rotary Anchieta e com a associação dos moradores do bairro surgiu a construção de um anexo com cozinha, refeitório e sala de informática. O presidente da associação, Lotar Markus, 68 anos, é o responsável por cortar o gramado.
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Uma empresa do bairro adotou a praça da escola e construiu uma quadra de futebol. Desde o início do ano, com a implantação do Programa Mais Educação, são oferecidas aulas de música, informática e práticas esportivas no turno inverso. Os alunos ficam, ao todo, sete horas por dia na escola. E tem até voluntário para aulas de educação ambiental. Uma vez por semana, o engenheiro agrônomo Arcângelo Mondardo, 70 anos, sai do Bairro Petrópolis para trabalhar com as crianças questões sobre o meio ambiente.
- Fizemos uma horta comunitária para trabalhar com os alunos, entre outras atividades. Se esta escola fechar será a maior frustração da minha vida - comenta Arcângelo.
Divulgação é o caminho
Há anos, a comunidade do bairro teme pelo fechamento da única escola estadual da região. Apesar de ter poucas crianças no Anchieta, a instituição atende alunos de vilas do Humaitá e da Vila Dique 2. Mas a coordenadora de Gestão da Aprendizagem da Seduc, Nelnie Lorenzoni, garante que não estão nos planos da Secretaria o fechamento de escolas no Estado. A orientação da coordenadora é que as escolas com menos alunos devem, sim, divulgar que existem vagas na instituição.
- Divulgando a chance aumenta de novos alunos surgirem. Mas sabemos que o índice de natalidade do Estado está caindo e isso acaba influenciando diretamente na situação - diz Nelnie.
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Escola do Bairro Anchieta, em Porto Alegre, está a espera de novos alunos
Escola Estadual Eduardo Gomes, na Zona Norte da Capital, tem apenas 43 alunos
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