Numa minúscula agência bancária com duas cadeiras para espera, uma delas estava ocupada por um rapaz; a outra, por sua pasta. No balcão, uma moça estava sendo atendida, enquanto o companheiro a aguardava sentado na cadeira ao lado. Triste foi quando entrou na agência uma senhora de muita idade e nenhum desses homens fez sequer menção de lhe oferecer o lugar.
A senhora ficou de pé por algum tempo e foi embora, constrangida em pedir para o rapaz que retirasse a pasta da cadeira - o que deveria ter feito, já que o marmanjo não incorporou entre seus hábitos de cidadão o mínimo de civilidade.
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Em vez de praticar a cultura da queixa, melhor é a gente maneirar, contribuindo para melhor conviver nas cidades, pois há muita coisa para ser louvada. Basta lembrar quantas histórias verídicas de honestidade Zero Hora relatou recentemente, em função do gesto do segurança Marco Antônio, que pagou uma conta após achar a fatura e o dinheiro de uma desconhecida.
Com as multas recentemente instituídas para punir quem joga lixo na rua, as pessoas que atiram papel de bala e saquinhos, dirigindo carros de luxo, certamente se conscientizam. Já se observa no trânsito a tendência de motoristas, inclusive de ônibus e de caminhões, de darem passagem para um carro entrar no fluxo. Chegam a abrir o vidro escuro para dar o sinal de passagem ao outro.
Muito importante neste processo civilizatório é o papel da escola, iniciando as crianças nas boas maneiras desde o jardim de infância. Elas levam para casa os hábitos para o bom convívio urbano. Às vezes melhor praticados do que pelos adultos.
Como assimilar novos hábitos?
É estar sempre aberto ao aperfeiçoamento, aceitando que a mudança faz parte da dinâmica do ser humano e que se aprende até o final da vida consciente. Só não reconhecem seus maus hábitos, substituindo-os por um novo comportamento, as pessoas que se sentem donas do mundo. É o caso daqueles que empurram os outros para passar primeiro por uma porta e jogam lixo na rua sem pensar que a via também é sua.
Discussão entre amigos
Os cafés na vida urbana aproximam as pessoas e alargam seus horizontes. Mas também podem surgir grandes discussões em volta de uma mesa. Diante de uma desagradável discussão entre dois amigos, tenta-se acalmar os ânimos, lembrando que o momento é para desfrutar melhor o encontro. Já que eles não entram em acordo, quem sabe se muda para outro assunto com a participação de todos e se consulta o cardápio?
Era assim....
Na Idade Média, o quarto de dormir não era separado da vida social. Já foi comum receber visitas, mesmo de cerimônia, no quarto palaciano. Uma senhora abastada dormia com suas serviçais no grande espaço do seu quarto. No século 19, ainda persistia o hábito de ter visitas no quarto, e dormir na mesma cama, sem maior intimidade, era comum.
Hoje é assim...
A estreita relação entre quarto de dormir e espaço íntimo foi surgindo no decorrer dos séculos. Uma prova deste conceito aliado também à liberdade e independência se comprova hoje pelas crianças educadas a dormir no quarto contíguo ao dos pais. Manda a boa educação que, ao visitar a casa de amigos, não se peça para ver o quarto. Um estúdio (apartamento JK) tem sofá na sala, camuflando a cama.
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Aperto de mão com dor
"Estou com tendinite no dedo polegar da mão direita e sinto dor forte quando devo cumprimentar com um aperto de mão. Quando o aperto é forte, contraio a mão instintivamente, e a pessoa se assusta e pede desculpas. O que eu faço diante de tal constrangimento?" LIZE
É comum sofrer de tendinite causada pela digitação. Quando se usa a luva terapêutica, dá-se a mão esquerda. Diante de uma pessoa que faz o gesto de estender a mão, é pedir desculpas, dando a mão direita com o polegar unido, justificando a causa do gesto inusitado.
Visita perigosa
"Um familiar me convidou para um churrasco pelo seu aniversário. Ele reside num bairro muito perigoso da nossa cidade e, como nunca estive lá, estou com medo de me arriscar. Só não gostaria de magoá-lo, como proceder?" REGINA
Sabe se algum conhecido seu também foi convidado? Em caso afirmativo, poderia pedir carona para ir até o bairro complicado. Outra forma é fazer chegar às mãos do aniversariante um cartão com um presente, que pode ser uma garrafa de vinho, uma planta ou bombons, desculpando-se por não poder comparecer.
Bebê adotado
"Faz um mês que nosso bebê, um lindo menino, está conosco. Ele tem quatro meses e queremos fazer sua apresentação à família e aos amigos com um happy hour num sábado. Será uma boa ocasião para compor seu livro do bebê com as fotos. Queremos fazer convites impressos e precisamos de uma ideia". JOÃO e MIRIAM
Se desejam um convite mais descontraído, podem usar um cartão azul suave com o titulo: "Apresentação de João Carlos". Texto: "Estamos muito felizes com a chegada de nosso filho, nascido em dezembro de 2013. Dia tal, faremos um happy hour, a partir das 17h, no salão de festas do nosso edifício, em clima descontraído. Contamos com sua presença. (Nome por extenso dos pais e endereço). Favor confirmar presença: (e-mail e telefone)".