Se 2016 foi um ano movimentado em praticamente todas as áreas, marcado no Brasil pelo acidente aéreo com o time da Chapecoense e pela agitação sociopolítica que fez o país trocar de presidente, o mundo das artes e das celebridades também teve um ano fora do comum. As perdas de David Bowie, Leonard Cohen e Prince marcaram a música mundial, assim como a tragédia que tirou a vida do ator Domingos Montagner, a morte do escritor Umberto Eco e a recente despedida do poeta Ferreira Gullar.
Confira abaixo uma lista de artistas e celebridades que nos deixaram em 2016.
David Bowie
Após enfrentar secretamente por 18 meses uma luta contra o câncer, o músico David Bowie morreu em 10 de janeiro, aos 69 anos – completados dois dias antes, na mesma data em que lançou o seu mais recente e último disco, Blackstar. Ao longo de sua trajetória, Bowie marcou a cultura pop com sua impressionante capacidade de se transmutar e se reinventar a cada passo que deu, combinando seu talento como compositor com o interesse por teatro, moda, artes visuais, cinema e literatura.
Prince
Um dos grandes ícones da música pop, Prince morreu de forma repentina na manhã de 21 de abril. Dono de uma carreira que passeia tranquilamente por uma grande diversidade de estilos – do funk ao R&B, passando pelo rock e jazz –, Prince Rogers Nelson gravou Purple rain, disco considerado por muitos um dos melhores da história da música pop. Prince foi conduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 2004, o primeiro ano em que ficou elegível para a tradicional láurea. No levantamento da revista Rolling Stone, foi considerado o 27º maior artista pop de todos os tempos.
Domingos Montagner
Considerado um dos grandes talentos da dramaturgia nacional, Domingos Montagner morreu na tarde de 15 de setembro, na cidade de Canindé de São Francisco, em Sergipe. Após o término de uma parte das gravações da novela Velho Chico, o ator almoçou e, em seguida, foi tomar um banho no rio São Francisco, em companhia da colega Camila Pitanga. Ele foi puxado pela correnteza e não voltou à superfície. Em novembro, o secretário municipal de Turismo José Dimas dos Santos Roque foi denunciado por homicídio culposo pelo Ministério Público Estadual de Sergipe.
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Ferreira Gullar
Poeta, ensaísta, dramaturgo, tradutor, roteirista de TV e crítico de arte, o maranhense Ferreira Gullar morreu em 4 de dezembro, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de insuficiência respiratória e pneumonia. Nascido em São Luís, capital do Maranhão, em 1930, José de Ribamar Ferreira foi figura fundamental na cena cultural brasileira, com vasta e variada produção, ao longo de décadas. Ocupava a cadeira 37 da ABL desde dezembro de 2014. Poema sujo, um longo poema com quase uma centena de páginas escrito durante a fase argentina do exílio, é considerado sua obra-prima.
Leonard Cohen
Conhecido como o "trovador da voz cavernosa" e por canções como Suzanne e Hallelujah, o cantor e compositor canadense Leonard Cohen morreu em 10 de novembro, aos 82 anos, por causas não divulgadas. O artista era caracterizado por seu timbre seco, seu estilo folk e por sua voz rouca - que, com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais grave. Entre as diversas honrarias que recebeu estão um Grammy honorário em 2010, por sua trajetória, e a menção no Rock and Roll Hall of Fame, em 2008. Em outubro de 2016, dias antes de morrer, lançou o disco You want it darker, onde parece mais misterioso e solene do que nunca, já fazendo intensas reflexões sobre a morte.
Hector Babenco
Um dos maiores nomes do cinema nacional, o diretor Hector Babenco morreu aos 70 anos, em 13 de julho. O cineasta havia sido internado no dia anterior para um procedimento cirúrgico, do qual se recuperava bem, mas acabou sofrendo uma parada cardiorrespiratória. Em sua carreira, dirigiu 10 longas-metragens, além de peças teatrais. Seu primeiro filme foi O rei da noite, de 1975, estrelado por Paulo José e Marilia Pêra. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em 1985, com O beijo da mulher-aranha, que também rendeu o prêmio de melhor ator a William Hurt. Meu amigo hindu, seu último filme, lançado em 2016, tem William Dafoe como protagonista e é inspirado na experiência do próprio Babenco, que lutou contra um câncer no sistema linfático nos anos 1990.
Cauby Peixoto
Dono de uma voz imponente, que remetia à época de ouro do rádio brasileiro, Cauby Peixoto morreu na noite de 15 de maio, aos 85 anos. O cantor alcançou o sucesso na virada para os anos 1950, época que consolidou a gênese da moderna música popular brasileira. A repercussão veio com Blue gardenia, versão brasileira da canção do repertório de Nat King Cole que lhe valeu a entrada no elenco da Rádio Nacional – nessa época, o intérprete tinha uma popularidade comparável à de uma grande estrela pop internacional.
Umberto Eco
Escritor, semiólogo e professor, o italiano Umberto Eco morreu aos 84 anos, em 19 de fevereiro deste ano. Eco notabilizou-se por uma prosa que casa sólida erudição, influências pop e um humor extremamente inteligente, sempre com senso crítico dos rumos da contemporaneidade. Nos anos 1950, ele abandonou a Igreja Católica levado por uma crise de fé. A partir da década de 1960, passou a estudar as relações entre a poética contemporânea e a pluralidade de significados. Nas décadas de 1970 e 1980, escreveu importantes textos nos quais procurou definir os limites da pesquisa semiótica, segundo pressupostos buscados em filósofos como Immanuel Kant e Charles Sanders Peirce. Ao se lançar como romancista, nos anos 1980, se tornou conhecido com o livro O nome da rosa, casando a alta literatura com o best-seller histórico.
George Martin
Considerado o "quinto Beatle", George Martin produziu quase todos os discos do quarteto de Liverpool, teve um papel decisivo na entrada de Ringo Starr no lugar de Pete Best e ajudou os quatro jovens a firmarem seu primeiro contrato com uma gravadora. Posteriormente, Martin trabalhou com outros artistas, como Bob Dylan, Sting e Elton John. O produtor morreu aos 90 anos, em 8 de março.
Rubén Aguirre, o Professor Girafales
O ator mexicano Rubén Aguirre, conhecido por ter interpretado o Professor Girafales no seriado Chaves, morreu aos 82 anos, em 17 de junho. Aguirre conheceu Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, quando trabalhava como executivo da Televisão Independente do México. A partir da amizade, criaram diferentes programas a partir do fim dos anos 1960. Depois de participar de Chaves e interpretar muitos outros personagens na telinha, começou a viajar pela América Latina com seu espetáculo circense. Em 2013, anunciou sua aposentadoria.
Elke Maravilha
Uma das figuras mais marcantes da televisão brasileira, Elke Maravilha morreu aos 71 anos, em 16 de agosto. Elke Georgievna Grunnupp nasceu na Rússia, em 1945 e veio para o Brasil ainda criança. Aos 24 anos, tornou-se modelo e manequim, desfilando para a estilista Zuzu Angel, de quem se tornou amiga. Nos anos 1970, deixou de lado as passarelas para se tornar jurada da Discoteca do Chacrinha, onde permaneceu até os anos 1980, quando foi exercer a mesma função no Show de Calouros, de Silvio Santos. Nesse tempo, também atuou em novelas e filmes, quase sempre interpretando a si mesma.
Alan Rickman
Um especialista em interpretar vilões, o ator Alan Rickman morreu em 14 de janeiro, aos 69 anos. Rickman ficou mais conhecido por seu papel como o professor Severo Snape, da saga Harry Potter – ele participou de todas as adaptações do livro para o cinema, desde Harry Potter e a pedra filosofal (2001) até Harry Potter e as relíquias da morte: Parte 2 (2011) –, mas ganhou destaque em 1988, quando interpretou o vilão Hans Gruber, do clássico filme de ação Duro de matar. Ele ainda fez parte do elenco de filmes como Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da rua Fleet (2007), O mordomo da Casa Branca (2013) e Alice no país das maravilhas (2010), quando deu voz à Lagarta Azul. Atualmente, o ator trabalhava na sequência do filme de fantasia Alice através do espelho, lançado em 2016, dando voz ao mesmo personagem.
Gene Wilder
Muito famoso pelo papel de Willy Wonka, o excêntrico dono da Fantástica fábrica de chocolates na versão de 1971 do filme, o ator norte-americano Gene Wilder morreu em 29 de agosto, aos 83 anos. Entre os outros filmes memoráveis que estrelou estão os de sua parceria com o diretor Mel Brooks, em Primavera para Hitler (1968), sobre dois produtores picaretas da Broadway que tentam encenar propositalmente o pior musical de todos os tempos, o anárquico faroeste Banzé no oeste (1974), em que viveu um pistoleiro bêbado, e O jovem Frankenstein (1974), no qual encarnou um sobrinho do cientista criador do monstro repetindo a experiência do tio.
Umberto Magnani
Com longa experiência na TV e novelas marcantes no currículo, o ator Umberto Magnani morreu em abril, aos 75 anos, durante as gravações da novela Velho Chico, na qual interpretava o Padre Romão. Magnani começou a carreira na televisão na extinta Tupi, na primeira versão de Mulheres de areia. Na Rede Globo, ficou conhecido por várias participações em novelas de Manoel Carlos, como Felicidade, História de amor, Páginas da vida e Laços de família.
Sharon Jones
Cantora de soul e funk indicada ao Grammy, que chegou a ser considerada a "versão feminina de James Brown", Sharon Jones morreu em 18 de novembro, aos 60 anos. Ela lutava desde 2013 contra um câncer no pâncreas. Em 1996, lançou seu primeiro álbum e desde então fez participações em shows e álbuns de Lou Reed, David Byrne e Fat Boy Slim. Em maio, a cantora havia se apresentado em Porto Alegre.
Relembre outros artistas e celebridades que morreram em 2016:
Bud Spencer, ator de filmes de western, dupla de Terrence Hill (27 de junho, aos 86 anos)
Harper Lee, escritora de O sol é para todos (19 de fevereiro, aos 89 anos)
Guilherme Karan, ator (7 de julho, aos 58 anos)
Anton Yelchin, ator de Star trek (19 de junho, aos 27 anos)
Orival Pessini, criador dos personagens Fofão e Patropi (14 de outubro, aos 72 anos)
Goulart de Andrade, jornalista e apresentador (23 de agosto, aos 83 anos)
César Macedo, comediante, criador do personagem Seu Eugênio (30 de abril, aos 81 anos)
Naná Vasconcelos, percussionista (9 de março, aos 71 anos)
Abbas Kiarostami, cineasta iraniano (4 de julho, aos 76 anos)
Sábato Magaldi, crítico de teatro (14 de julho, aos 89 anos)
Geneton Moraes Neto, jornalista e escritor (22 de agosto, aos 60 anos)
Dario Fo, dramaturgo, comediante e escritor italiano (13 de outubro, aos 90 anos)
Leon Russell, músico americano (13 de novembro, aos 74 anos)
Keith Emerson, tecladista e fundador da banda Emerson, Lake & Palmer (11 de março, aos 71 anos)
Greg Lake, cantor e baixista da banda Emerson, Lake & Palmer (7 de dezembro, aos 69 anos)
Maurice White, fundador do Earth, Wind & Fire (4 de fevereiro, aos 74 anos)
Alan Vega, ícone do punk rock (16 de julho, aos 78 anos)
Kenny Baker, que interpretou R2-D2 em Star wars (13 de agosto, aos 81 anos)
Shaolin, humorista e imitador (14 de janeiro, aos 44 anos)
Tereza Rachel, atriz (2 de abril, aos 80 anos)