Em cartaz a partir desta quinta-feira (28) nos cinemas, Moana 2 (2024) é a continuação de Moana: Um Mar de Aventuras (2016), que concorreu ao Oscar nas categorias de melhor longa de animação e canção original (How Far I'll Go, composta por Lin-Manuel Miranda), arrecadou US$ 643,3 milhões (está longe de ser um dos campeões de bilheteria do gênero) e trouxe a primeira princesa Disney a rejeitar efusivamente esse rótulo. Determinada e corajosa, a jovem nativa das ilhas da Polinésia, na Oceania, não tem par romântico e insiste em dizer que é uma guerreira.
No filme anterior, dirigido por Ron Clements e John Musker, Moana (voz de Auli'i Cravalho no original e de Any Gabrielly nas cópias dubladas), após escutar as histórias de seus ancestrais, desafia seu pai e parte em uma missão marítima para tentar salvar seu povo do desabastecimento alimentar. No caminho, conhece o parrudo e comicamente arrogante e trapaceiro Maui (Dwayne Johnson/Saulo Vasconcelos), um semideus que se torna guia da protagonista.
A trama de Moana 2, dirigido por David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, não é muito diferente. Moana recebe um chamado inesperado de seus ancestrais e forma uma tripulação, que inclui Maui, para viajar pelos mares distantes da Oceania com o objetivo de quebrar a maldição do deus das tempestades Nalo na ilha escondida de Motufetu — que antes conectava os povos do Oceano Pacífico.
A sensação de déjà vu pode aborrecer muitos espectadores, sobretudo os adultos. Apesar de repetitivo, o roteiro chega a ser confuso em alguns momentos, por causa do excesso de novos personagens. As canções, agora compostas por Abigail Barlow, Emily Bear, Opetaia Foa'i e Mark Mancina, são todas agradáveis, mas nunca chegam a empolgar. O humor está presente, graças a Maui e também ao galo Heihei, ao porco Pua, às "Moanetes" e a Simea, a irmã caçula da heroína, mas talvez nenhuma piada se eternize na memória. Moana 2 é um filme totalmente esquecível, ainda que muito bonito.
O trabalho de cenografia e animação dos personagens é realmente extraordinário, com riqueza de detalhes (repare nas unhas da protagonista), abundância de cores e fluidez de movimentos. Para além do visual, a beleza de Moana 2 reside no cuidado com sua inspiração e na mensagem da história.
A equipe de produção cercou-se de consultores para não errar a mão na representação das comunidades, dos costumes e da cultura da Polinésia — aliás, a diretora Dana Ledoux Miller nasceu em Samoa. Há mais de 10 consultores, integrantes do grupo Oceanic Cultural Trust, como a escritora havaiana Kalikolehua Hurley, a antropóloga samoana Dionne Fonoti, o tatuador neozelandês Su'a Peter Sulu'ape, a coreógrafa de ascendência samoana e tonganesa Tiana Nonosina Liufau, o linguista samoano Grant Muagututi'a e a historiadora Millicent Barty, das Ilhas Salomão.
Se o primeiro filme foi sobre se reconectar com o passado, o segundo mira o futuro — ou a sobrevivência —, mas, de novo, ouvindo a ancestralidade: as aventuras de Moana têm o mérito indiscutível de valorizar as gerações anteriores. O roteiro foi inspirado em uma história sobre a existência de pontos de encontro para navegantes de diferentes ilhas do Pacífico e em uma frase muito dita na região: "O mar não separa, o mar conecta". A imagem fala por si só: Moana 2 defende a convivência entre os povos e enaltece o compartilhamento de experiências.
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