No horizonte, 2022 desponta como um ano de esperança para quem viveu os últimos dois sob o domínio do coronavírus, esse inimigo insidioso que virou o maior pesadelo do planeta. Não que o vírus esteja dominado — e a variante Ômicron, com o crescente número de casos no Hemisfério Norte, está aí para mostrar que não podemos baixar a guarda. A esperança de que a vida volte a ser próxima do velho normal nasce das vacinas, que podem não evitar o contágio, mas estão ajudando a reduzir o número de mortes.
No Brasil, o ano será marcado pelas eleições mais tensas de todos os tempos — e não é preciso ter bola cristal ou algum tipo de clarividência para saber o que nos espera. Serão duas campanhas distintas: uma oficial, financiada com recursos públicos e regrada pela Justiça Eleitoral, e outra paralela, a do vale-tudo, travada no submundo das redes sociais e bancada por quem opera à margem do sistema legal.
No momento em que 2022 ainda espia pela fresta, esperando a contagem regressiva para entrar em cena, a eleição presidencial tem três pré-candidatos com maior probabilidade de chegar ao segundo turno, de acordo com as pesquisas disponíveis: o ex-presidente Lula (PT), reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro (PL), eleito na carona do discurso antipetista, e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que condenou Lula, tirou-o da disputa em 2018, virou ministro de Bolsonaro e hoje ataca os dois.
Há outros candidatos com credenciais para fazer um bom governo, mas nenhum com a capacidade de catalisar o amor e o ódio como Lula, Bolsonaro e Moro, com suas torcidas organizadas. O ato falho cometido por moro em entrevista a uma rádio de Mato Grosso, dizendo que, como juiz, combateu o PT, será usado exaustivamente contra ele. Odiado por petistas e bolsonaristas, com dificuldade de comunicação e pouco trânsito na política, o ex-ministro da Justiça corre o risco de não decolar — isso se não concluir que é mais conveniente abrir mão da candidatura em favor de um nome mais viável para encarnar a terceira via.
A próxima eleição tem todos os elementos para se transformar na eleição das notícias falsas, da destruição de reputações, da guerra nas redes sociais, dos ataques à imprensa e das brigas de família por divergências políticas. Nessa guerra, corre-se o risco de deixar em segundo ou terceiro plano as eleições legislativas, que deveriam ser tão importantes quanto a disputa presidencial ou a escolha dos governadores. Porque é nos parlamentos que se joga o jogo da democracia, se aprovam leis, se divide o orçamento e se pode evitar que um déspota atropele a Constituição.
A eleição de deputado nasce viciada pela forma como são distribuídos os recursos do fundo eleitoral, prerrogativa dos caciques partidários, que privilegiam quem já tem mandato e sufocam qualquer tentativa de renovação. Caberá ao eleitor não se deixar enganar pela campanha mais vistosa nem pela autopromoção paga com dinheiro público. Será preciso conferir o que fizeram ou deixaram de fazer os atuais deputados, renovar o voto se o seu candidato de 2018 fez por merecer ou trocá-lo por alguém verdadeiramente comprometido com as causas que interessam à Nação.
Aliás
O ano começa com a eleição para governador do Rio Grande do Sul sem favoritos. Como Eduardo Leite não concorrerá à reeleição e os principais candidatos não empolgaram os eleitores, o quadro segue em aberto a 10 meses do pleito. Isso dificulta a formação de alianças porque todos acham que podem chegar ao segundo turno.
Uma vaga
Com apenas uma vaga para o Senado, a de Lasier Martins (Podemos), que será candidato à reeleição, também não há favoritos. a ex-senadora Ana Amélia Lemos, que sairá do PP por falta de espaço, ainda precisa escolher um partido e o ex-governador José Ivo Sartori, preferido do MDB, não decidiu se será candidato.
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