Jornalista formada pela PUCRS, colunista de Política de ZH e apresentadora do programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha.

Protesto contra bandeira preta

Movimento político promove aglomeração em frente ao Piratini no pior momento da pandemia

Manifestantes repetiram mantras bolsonaristas e chamaram o governador Eduardo Leite de ditador

Rosane de Oliveira

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Jefferson Botega / Agencia RBS
Muitos participantes estavam enrolados em bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul

Sem a presença dos líderes das maiores entidades de representação do comércio, o protesto contra as medidas restritivas em frente ao Palácio Piratini, nesta quarta-feira (10), foi menor do que alardeavam os organizadores, mas promoveu aglomeração incompatível com o pior momento da pandemia. Manifestantes (parte deles sem máscara) se amontoaram em frente ao Palácio Piratini para pedir a reabertura da economia, invocando o direito de trabalhar.

Enrolados em bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul, militantes políticos se apropriaram das pautas legítimas de diferentes setores da economia, repetiram mantras bolsonaristas e chamaram o governador Eduardo Leite de ditador, por impor restrições à circulação.

Ao final, parte do grupo saiu do Piratini e foi para a frente do Comando Militar do Sul pedir intervenção militar. Vídeos mostram os manifestantes gritando “Intervenção, Bolsonaro no poder”.

Incomodados com o tom agressivo e com a politização do movimento, empresários ligados ao setor de hospedagem e alimentação optaram por abrir um canal de diálogo com o governo. Sob a liderança do presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky, está sendo articulada com o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, e com o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), um encontro virtual com o governador para discutir as demandas do setor. A ideia é retomar as atividades no dia 22 com novos protocolos sanitários.

Entre médicos que estão na linha de frente, Leite foi criticado por não desmanchar a aglomeração em frente ao Palácio Piratini. O superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, Cláudio Oliveira, disse temer que a aglomeração desta quarta-feira provoque uma nova onda de contaminações, no momento em que os hospitais estão superlotados.

No final da tarde, o Palácio Piratini divulgou nota sobre o protesto. 

Confira a íntegra:

“O governo entende as manifestações contrárias às restrições para conter a disseminação do coronavírus, mas lembra que o cenário atual da pandemia não é oportuno, do ponto de vista sanitário, para realizar aglomerações.

Na terça-feira, 9, o Estado registrou um recorde de 275 mortes pela Covid-19 em nosso território. Mesmo com o governo tendo ampliado o número de leitos de UTI em 136%, o Estado tem a capacidade de ocupação das UTIs esgotada, inclusive com pessoas em situação grave à espera de leito.

Esse contexto impõe que o Rio Grande do Sul adote medidas restritivas para diminuir a circulação de pessoas, como fizeram, com sucesso, países como Alemanha, Reino Unido, Itália, França, Espanha, entre outros.

Por fim, o governo reitera que a realização de aglomerações, com pessoas sem máscara, inclusive, em nada ajuda o Estado a superar esse momento. Pelo contrário: amplia a circulação do vírus, coloca vidas em risco (incluindo as de quem participa dessas atividades), atrasa a retomada econômica, que é de interesse de todos, e fortalece aquele que deveria ser o inimigo em comum da sociedade gaúcha: o vírus.”

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