A despeito dos sinais trocados enviados pelo presidente Jair Bolsonaro, que à última hora tentou preservar as corporações policiais, a reforma da Previdência finalmente avançou. Numa sessão tumultuada, a articulação política errática do Planalto ficou exposta mais uma vez, sobretudo na derrota das forças de segurança. A aprovação do texto na comissão especial, contudo, era favas contadas. A encrenca agora será reunir os 308 votos em plenário.
A partir desta sexta-feira (5), essa missão cabe ao general Luiz Eduardo Ramos. Evangélico, o novo articulador político do Planalto tomou posse ontem na Secretaria de Governo citando o Salmo 37, versículo 5 da Bílbia: "Entrega teu caminho ao Senhor, confia Nele e tudo mais Ele fará".
Chamado de pastor pelo presidente, o general assumiu dizendo que Ramos é palíndromo de somar. Mais do que acumular votos, o ministro será essencial a Bolsonaro para amainar a tensão no diálogo com os parlamentares. Governando por decreto e sempre pronto para fustigar o Congresso, o presidente acaba alimentando a beligerância. O problema é que agora surge no horizonte a CPI das Fake News. Trata-se de uma espada de Dâmocles sobre o presidente. Um passo em falso e a lâmina pode cair.