A sequência de eventos previstos para os próximos dias na política brasileira fará da última semana do primeiro semestre de 2017 um período para não ser esquecido. Com o retorno do presidente Michel Temer ao país, depois da viagem à Rússia e à Noruega, Brasília volta a ser o centro das atenções. A capital só dividirá os holofotes com Curitiba se o juiz Sergio Moro decidir julgar o ex-presidente Lula. O primeiro de vários processos já está concluso à espera da sentença.
Até o final da semana, o procurador-geral da República apresentará a denúncia contra Temer, inteira ou fatiada. Como a Polícia Federal concluiu a perícia na gravação feita por Joesley Batista quando conversou com Temer, fora da agenda, no Palácio do Jaburu, é possível que Janot formule a denúncia completa, por corrupção passiva, obstrução de Justiça e associação criminosa.
A perícia oficial do áudio foi concluída na sexta-feira. Resultado: a gravação é autêntica e não foi editada, como atestara o perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Temer. Um relatório parcial da PF sobre a delação de Joesley foi entregue ao Supremo Tribunal Federal na segunda-feira, com um pedido de mais prazo para concluir o inquérito. O documento diz que há indícios vigorosos de corrupção passiva nas relações de Temer e do ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures com a JBS.
A pauta da semana é extensa e intensa. O Supremo vai decidir sobre o pedido de prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que na sexta-feira teve uma vitória previsível no Senado: o presidente do Conselho de Ética, João Alberto Souza (PMDB-MA), mandou arquivar sumariamente o pedido de cassação do mandato do senador, que está afastado por decisão judicial. A alegação do colega maranhense é de corar frade de pedra: não há provas que justifiquem a abertura do processo. João Alberto ignorou as interceptações telefônicas que incriminam Aécio, o depoimento dos executivos da JBS e a gravação da entrega de uma mala com R$ 500 mil a seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred. Nem o fato de haver uma gravação de Aécio dizendo que indicaria Fred para receber o dinheiro foi levado em conta pelo senador do PMDB.
No Senado, o governo tentará votar a reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça, depois de ter sofrido uma derrota na Comissão de Assuntos Sociais.
É possível que evoluam nesta semana delações premiadas que estão em negociação, como a do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci (PT) e do doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB.
Para encerrar um mês marcado pela tensão, uma nova greve geral de protesto contra as reformas está marcada para sexta-feira. A expectativa das centrais sindicais é de repetir a paralisação de 28 de abril, cujo sucesso foi garantido basicamente pelos piquetes que pararam o transporte coletivo e impediram o acesso a agências bancárias, por exemplo. A greve do dia 30 será turbinada pelo desgaste de Temer e pela pressão por eleições diretas já.