Na propaganda do PMDB, que os brasileiros viram pela TV ou ouviram no rádio nos últimos dias, Michel Temer é "o presidente certo na hora certa", o país está voltando aos trilhos com a queda da inflação e a recuperação da economia. No Brasil real, os eleitores entrevistados pelo Ibope para uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, Temer é um presidente com a popularidade em queda.
Aos números: 73% desaprovam a maneira de governar e 79% não confiam no presidente. Em junho de 2016, Temer tinha 13% de bom e ótimo e 39% de ruim e péssimo. Em março de 2017, bom e ótimo caiu para 10% e ruim e péssimo subiu para 55%, o pior desempenho desde que assumiu como interino, em maio de 2016.
Ao apresentar os números da tradicional pesquisa que mede a popularidade dos presidentes, a CNI deu um título generoso: "Avaliação do governo – Custo político de colocar a economia nos trilhos".
O levantamento indica que a reforma da Previdência é a grande vilã na hora de o brasileiro avaliar o governo. Instados a citar as notícias mais lembradas dos últimos dias, 26% cravaram "reforma da previdência".
É verdade que as reformas, tão necessárias quanto impopulares, ajudam a puxar Temer para baixo, mas não se pode ignorar a influência de outros fatores, como o fato de tantas figuras influentes no Planalto estarem envolvidas no escândalo da Lava-Jato. A corrupção é o segundo assunto mais citado quando a pergunta é sobre as notícias mais lembradas pelos entrevistados.
Dois dados são especialmente preocupantes para o Palácio do Planalto e para os aliados do governo que sonham com o poder em 2018: nenhuma área tem boa avaliação e a comparação com o governo Dilma é arrasadora para seu sucessor. Só 18% responderam que o governo Temer é melhor do que o de Dilma. Para 38% é igual, enquanto 41% o consideram pior. Também não há qualquer esperança de que venha a melhor: 52% acham que o restante do mandato será péssimo.
Área por área, a percepção é de terra arrasada: o menor índice de desaprovação é o do meio ambiente, com 63%. Depois vem a educação, 70%, até chegar aos impostos, com avaliação negativa de 85%. Saúde e segurança pública aparecem empatados, com 79% de reprovação.
É nesse cenário de desgaste, com índices que só encontram paralelo nos piores momentos dos governos de José Sarney, Fernando Collor e Dilma Rousseff, que Temer precisa convencer o Congresso a aprovar medidas capazes de ampliar a impopularidade. Com dois terços dos senadores precisando renovar o mandato e a maioria dos deputados preocupada em salvar a pele em 2018, a pesquisa indica que Temer precisará melhorar a comunicação com a sociedade. Do jeito que o governo vendeu as reformas e que o PMDB embalou as conquistas, não está funcionando.