Se entre governos, as relações de Brasil e Argentina não estão afinadas devido às divergências ideológicas entre os presidentes Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, no campo da defesa não se pode dizer o mesmo.
Os exércitos dos dois países realizam a partir deste sábado (14) até o dia 20 o maior exercício conjunto internacional do ano - a Operação Arandu, no campo de instrução Barão de São Borja (Saicã), em Rosário do Sul.
Os números são grandiloquentes: participarão da manobra 2.292 militares, sendo pelo menos 140 argentinos, 89 blindados, entre eles os recém-adquiridos carros de combate Leopard, da Alemanha, e os Guarani, de fabricação nacional, e 344 viaturas operacionais.
O destaque é para o sistema Astros 2020, com grande capacidade de dissuasão. O equipamento lança-foguetes participou recentemente da Operação Amazônia, na fronteira com a Venezuela. Da sede do 16º Grupo de Mísseis e Foguetes (16º GMF), em Formosa, Goiás, o Astros foi deslocado por terra até Rosário do Sul. São mais de 2,3 mil quilômetros do equipamento pesado em três dias, uma amostra da mobilidade terrestre do Exército.
Durante o exercício, ciclo final de um planejamento de três anos que envolveu outras operações (Hermandad, Yaguareté e Saci/Duende), os militares argentinos e brasileiros estarão integrados, com a realização de emprego das viaturas blindadas, operações aeromóveis e especiais. Entre as atividades, destacam-se a transposição de curso d'água, garantindo a mobilidade da tropa diante de obstáculos aquáticos, como rios e açudes.
Principais parceiros estratégicos do Cone Sul, Brasil e Argentina tem um compromisso internacional de cooperação das forças armadas que garante integração e troca de experiências que vão além das possíveis divergências entre governos e garantem uma boa relação entre Estados.
Na última semana, o Comando Militar do Sul deu uma amostra a jornalistas do poder de fogo da força terrestre. Cerca de150 militares e 20 viaturas, o 29º Batalhão de Infantaria Blindado (29º BIB), de Santa Maria, realizou uma simulação de combate da força-tarefa blindada. O treinamento contou com a presença do 1º Regimento de Carros de Combate, do Esquadrão Pantera da ala 4 e de um helicóptero Black Hawk H60L do 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação, com sede na Base Aérea de Santa Maria.